quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Outros primeiros de Dezembro


Em 2006, por mera coincidência certamente, também procurámos o poiso de Lisboa para dormir e os pastéis de Belém para saborear. Há prazeres que se instalam como as rotinas…



Dessa vez aproveitámos para visitar a exposição de Star Wars , “em cena” no Museu da Electricidade.







No 2º dia, à tarde, voámos rumo a Óbidos e, sem sabermos, a pequena vila era palco de outra feira, desta feita “Óbidos, vila-Natal”.



Digo, “desta vez”, porque no 10 de Novembro (apenas umas semanas antes) tínhamos lá ido visitar a Feira do Chocolate. Mas, se a primeira teve alguma graça por ser novidade, e pelo cheiro colante do chocolate; desta vez, apesar do nosso espanto ao vermos a versatilidade e rapidez com que os comerciantes se adaptaram a nova temática, não lhe encontrámos qualquer tipo de criatividade. Momentos houve em que roçava o pimba e o vulgar.



(montra apetecível)
Impressionante é ver também como o clima muda radicalmente em menos de um mês. Da primeira vez ainda aproveitámos para ir à praia, na Foz do Arelho.
Até fizemos um piquenique na área onde costumam parar as AC (frente ao Inatel), onde dormimos, e as crianças molharam os pés na água do mar, depois de um “Maria dá licença, quantos passos dou…”. Nesse dia tínhamos visitas connosco e a Casinha tornou-se numa vivenda… Da segunda vez, para sorte do evento vila-natal, o frio acompanhava a neve artificial lançada pela máquina faz-neve.
Em Óbidos, as alterações têm sido também frequentes no que respeita à pernoita de AC: em Novembro ficámos quase ao lado da entrada principal da vila, em Dezembro rente à muralha do outro lado e, dois anos mais tarde, a proibição rente à muralha já era “lei”.

Agora, mais ao fundo, após a muralha, existe um pequeno parque privado, explorado por um funcionário da Câmara de Óbidos. É vedado, paga-se (6€), e tem as condições essenciais. Estreámo-lo quatro dias depois da sua inauguração, em Março de 2007, quando vínhamos, de passagem, do Norte. (N39º21’22’’W9º09’25’’)
Depois de vasculhar o diário de bordo da Casinha, constato agora que também no 1º de Dezembro de 2007 nos ficámos por Lisboa. Andaremos nós a ficar sem imaginação?
Comemorava-se, frente à Torre de Belém, o Dia Internacional da Sida e vislumbrámos ao longe o vocalista dos Da Weasel. Os mais novos acham sempre o máximo, ver ao vivo o que aparece na TV…


Fizemos a visita ao interior da Torre e pela primeira vez fomos até à Colecção Berard, no CCB. Algumas peças e obras interessantes, por exemplo, Paula Rego, claro.
As noites, essas, foram passadas mesmo frente ao rio, a sentir a maresia e a música das gaivotas. Este local era, de facto, mais interessante do que o actual.

(Não é Paula Rego, mas causou certamente alguma polémica)






Será que a Câmara de Lisboa tem para breve a construção de uma zona para AC? Ouvi dizer…

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Fim-de-semana do 1º de Dezembro, 2008


Um fim-de-semana frio, chuvoso, de neve até. Mas não foi isso que nos impediu de dar um giro.
À semelhança de outras etapas, a 1ª noite seria dormida em Lisboa. Não já no sítio do costume, mas uns metros antes, perto do Museu da Electricidade. Só porque reparámos que era por aí que parava a malta e no outro local não havia vivalma. Quer isto dizer que se confirmam os rumores de que ao lado do Padrão já não é possível?! Ficámos sem saber, porque não chegámos a ir lá.
Lisboa é sempre espaço e tempo para fazer rotas históricas, culturais, ou comerciais. Para além da praia, das caminhadas, do andar de eléctrico, metro, comboio…
Desta vez foi a vez do cinema.


Ensaio sobre a cegueira, baseado na obra de José Saramago, que é em tudo muito mais que o filme: mais palavras num estilo inconfundível (o de Saramago) que ali nem se vislumbra; mais romance (o filme toca ao de leve a história de amores da prostituta e do velho negro); mais violência; mais sofrimento; mais dor… mas normalmente entre o filme e o livro, prefere-se sempre o livro, por isso não é nada de novo.
Mas ainda assim a brancura do leite da cegueira, os ângulos e planos de Fernando Meireles são únicos. O filme é para ver, sim senhor. E gosta-se.
A música da chuva no tecto da Casinha dá-lhe aquele tom de balada mesmo boa para embalar e… adormecer.
Acordar e ter como pequeno-almoço uns pastéis de Belém também é outra espécie de balada… gustativa.
Se não fossemos preguiçosos, poderíamos ter visitado o Palácio da Pena pela manhã de domingo, o que implicava visita grátis. Assim, da parte da tarde, armados em indolentes e dormentes, há que puxar os cordões à bolsa e pagar20€ (bilhete familiar).
Com o frio nada como subir o íngreme caminho até ao Palácio. Debaixo dos polares e das lãs, a humidade sua e aquece.
Chegados ao topo do portentoso edifício, até nos esquecemos que faz frio e não está sol, porque os cortes e recortes, formas e cores são um apelo à fotografia. Pena que a Pena não esteja mais brilhante de cores. Umas limpas e renovadas demãos não seriam pedir de mais. D. Fernando II agradeceria.








Que rei foi este que no alto do monte espesso e denso de vegetação se lembrou de erguer tão insólita construção?
De nome Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gota, passou à história como "O Rei-Artista".
Não terá sido ele o artista de tão sublime castelo, mas a sua mente artista maravilhou-se do topo escarpado, das ruínas (por essa altura o que existia era um velho convento), do Castelo dos Mouros, das matas.

Em pleno romantismo o espaço não podia ser mais romântico e daí que, o Rei-Artista, casado com a Rainha D- Maria II, o mandasse edificar, como sua residência de Verão. Um paço acastelado romântico, verdadeiramente eclético, no qual se encerra um autêntico manual de estilos arquitectónicos: neogótico, neomanuelino, neo-islâmico, neorenascentista, com outras sugestões artísticas como a indiana.
Era a moda do exótico, do insólito, da paixão pelo “horror ao vazio”, ou seja, o Romantismo.
Visitar as suas salas e decoração até dói. Cada canto e recanto conhece mais uma cadeira, um otomano (sofá oriundo dos otomanos), mesa, cadeira, arca, cofre, e em cada mesa mais bricabraque, mais madeira, mais almofada, mais madrepérola. A vista sai dali cansada. Olha-se através da vidraça e a profusão continua, até a vegetação ocupa tudo sem deixar um espaço vazio. Novamente ideias do monarca que até na vegetação pensou, encomendando-a de outros países e até continentes.
(Tritão simbolizando a alegoria da Criação do Mundo.)
Do palácio até à praia, basta seguir a linha do eléctrico. Mas na praia (das Maçãs) estava um vento ciclónico, pouco simpático para embalar o sono…
Optámos por Sintra.
Pernoita num relaxe profundo (coordenadas: N38.79688º W009.38849º)

A Câmara de Sintra podia pensar em arranjar aquele parque de estacionamento com algumas facilidades para AC: bastava um ponto de água e sítio para despejos. Mas se calhar não vão achar boa ideia, porque ao que parece vão construir ao lado um novo museu. Por outro lado, se Sintra tem mais museus por metro quadrado do que qualquer outra vila ou eventualmente cidade portuguesa, talvez acolhesse bem a ideia. A avaliar pela procura (mais 3 AC estavam por lá e duas eram estrangeiras), talvez fosse mesmo uma boa ideia. Afinal Sintra é uma pepita e pérola turística.


O mau tempo agudizou-se, o que não favoreceu muitas mais saídas.
Ao cair da noite (ainda por cima tão cedo…), por que não actualizar leituras?
O mais recente de Anne Perry, por exemplo: O cadáver de Bluegate Fields.
Na capital londrina de finais de séc. XIX, um novo crime emerge. Apesar da passagem dos séculos, um tema eterno e tão actual: um jovem de boas famílias assassinado, abusado homossexualmente. A primeira suspeita recai no preceptor, mas conhecendo a faceta crítica da autora, suspeito que a balança vai pender para um outro culpado, no seio da aristocracia britânica.
A veia crítica de Anne Perry retrata sempre a hipocrisia da dita “society”, regida por uma ética absolutamente fingida e falsa, cujo verniz salta ao longo da narrativa, para vermos os lords e as ladies, a serem os maus da fita.
«Anne Perry tem duas forças: personagens memoráveis e uma capacidade única de evocar com uma enorme minúcia a sociedade victoriana.»
The Wall Street Journal
«Anne Perry consegue escrever policiais vitorianos de fazer inveja até a Charles Dickens.»
The New York Times Book Review

Sintra ainda assim com alguma luz...
No regresso, paragem em Setúbal para uns chocos fritos acompanhados com batatas fritas. Um outro modo de terminar os passeios sem sol: apurando o paladar com a boa gastronomia portuguesa.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Para quem sonha com uma autocaravana, existem sempre novas formas de improvisar.

Um modelo-vespa, por exemplo.


À laia de barraca, mas com estilo:






Para quem, para além da paixão sobre rodas, tiver a dos barcos. Um auto-barco?!



Ou até mesmo um barco flutuante à beira-rio e com 2 andares?




Ou um velho autocarro inglês, com sotão...




E que tal uma varanda em casa de madeira com rodas?




Em estilo mansão circense...




É só escolher e ser um viajantecomacasaascostas!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Algarve: alguns pontos de interesse


O Algarve nunca foi a nossa paixão, mesmo assim, desde 2002 que, de vez em quando, nos decidimos a explorar o seu principal foco de interesse: o sol. Ao todo uma meia dúzia de vezes. Dessa meia dúzia conseguimos, no entanto, descobrir paragens que desconhecíamos, algumas afinal bem interessantes, o que se calhar só veio confirmar que não conhecíamos de todo este território nacional.
A primeira exploração foi por volta de um dia de Todos-os-Santos, precisamente em 2002. Ainda muito verdes nesta coisa da pernoita “selvagem” começámos por ser muito “certinhos”, procurando sempre campings. O de Albufeira foi o primeiro, um camping caro (o mais caro do país), mas ainda assim uma boa estadia dado que estávamos bem longe das confusões de Verão.
Desse fim-de-semana descobrimos Ferragudo que, num sábado de manhã de S. Martinho, exibia a praça principal cheia de sol e luz e um grupo de capoeira que lhe dava umas pintalgadas de alegria e ritmos bem coloridos.

(Ferragudo)
Pela primeira vez algarvia dormimos no exterior, ao lado do castelo da povoação. Noutras ocasiões percebemos que mesmo à entrada da vila, no centro da “ilha”, todo esse terreno era muito concorrido por AC. Várias vezes lá pernoitámos - uma delas para conhecermos um alemão que nos falou da Praia da Marinha, à qual passámos a ir várias vezes depois dessa dica - mas talvez a última tenha sido na Páscoa de 2008, já que o local virá a albergar um novo empreendimento (Resort&SPA).
Também para não esquecer foi o percurso pela serra de Monchique, num Algarve mais profundo, onde almoçámos num restaurante alemão (“Beerhouse”) embrenhado na mata e onde ainda lanchámos um magusto popular numa pequena localidade de nome Alferce.

(As fases das castanhas)
Ainda na 1ª viagem, ficou na memória aquele passeio de bicicleta pelo Parque Natural da Ria Formosa (Olhão), rente à ria… e , claro, a Fuzeta, que bisámos depois disso. O lugarejo é castiço e muito mais naquele dia, porque se realizava uma Feira de Antiguidades bem grandinha.
Quase dois anos depois, no Carnaval, regressámos ao ponto final da 1ª viagem, em Fuzeta, onde dormimos no cais apesar dos sinais de proibição. Quando acordámos no outro dia, estávamos dentro da Feira de Antiguidades, como se também fossemos vender alguma coisa. Não tínhamos reparado na sinalização e assim foi como se, de facto, continuássemos o capítulo que tínhamos deixado em aberto quase dois anos antes.




(Fuzeta, animação na feira de Antiguidades)

Fuzeta tem ainda o atractivo da sua ilha, à qual se pode chegar numa pequena travessia de barco. Nem que seja só para pisar o outro lado e ver as casinhas – muitas delas transformadas em casa de férias – ao longo da língua de areia…é um bom lugar para fantasiar.
Foi em 2004 que descobrimos um dos locais mais concorridos por AC: o parque de estacionamento ao lado da passagem para a Praia do Barril, em Pedras D’el Rei. Nesse dia estavam dezenas delas, noutras ocasiões encontrámos menos e apenas estrangeiros.
(Pedras d' El Rei)


(praia do Barril com frio e vento)

Noutras ocasiões experimentámos uma ruela de Cabanas e Tavira, ao lado do Pingo Doce.
Afeiçoámo-nos depois da 2ª viagem à pequena aldeia piscatória de Santa Lúzia, pela paisagem natural e pouco turística e pelos petiscos, como os caracóis acompanhados de uma imperial, na Primavera.

(Santa Lúzia, depois da tempestade a bonança...)

É claro que Tavira também é um bom sítio, quer para ficar, quer para passear e estar.
Para mostrar que não nos tínhamos esquecido da sugestão do alemão fomos de Ferragudo até Porches, pela costa. E lá encontrámos a tal praia – Santa Marinha. Há, de facto, um recanto entre as árvores, na terra batida, onde normalmente uma meia dúzia de AC estrangeiras faz férias prolongadas. Só tem um defeito: não há água, nem W.C.




(Santa Marinha e os piratas...)

Voltámos a ir lá mais duas ou três vezes são para passar algumas horas, com os depósitos limpos e “aviados”. Ao longo das falésias o passeio a pé pode ir até Porches por entre uma paisagem sublime. A praiazita de Santa Marinha também é fabulosa (na Primavera e Outono, no Verão suspeito que seja menos idílica).
Do lado oposto e de contornos completamente diferentes temos Lagos. Para quem busca um pouco mais de agitação e uma paisagem natural aliada a uma cidade com História, Lagos é um ponto de partida e chegada. A pernoita faz-se facilmente no parque de estacionamento frente ao Marina Hotel.



(Lagos, festa de pescadores)


Mais recentemente, experimentámos Manta Rota. Frente à praia um novo parque de estacionamento (W.C. do bar).


(Manta Rota)

Portimão recebe também AC, embora registe o sinal de proibição. Muitos portugueses. Dali a Vila Real é um pulo. Foi o que fizemos para ver o moto-crossing no Guadiana.


Tanbém não é má ideia, em Pêra, ver as construções na areia. Anualmente.



NOTA: Como dá para perceber, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência, já que nenhum destes passeios ocorreu no Verão.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Viagem a Holanda (NL, H)


Tempo: de 26 de Julho a 19 de Agosto de 2007
Total de dias: 25
Nº de pessoas: 4
Despesas Gasóleo: 1.549€
(nesta viagem dificilmente surgirão coordenadas, uma vez que ainda não possuíamos GPS)
Dia 1: Por questões profissionais foi necessário fazer um pequeno desvio – praia de Santa Cruz. Não conhecíamos e revelou-se um local interessante, com probabilidades de ser um roteiro a repetir. O objectivo era ver o espectáculo Daimonion, do Teatro do Mar. (www.teatrodomar.com/)
Não foi um desvio em vão, o espectáculo é fantástico, uma lufada de ar fresco no cenário teatral português:



Pernoita: praia do Max, no parque de estacionamento, acompanhados pela balada de um mar bem forte.



Dia 2- travessia de Portugal, com paragem em Salamanca, Camping Regio. Este parque faz parte dos nossos eleitos já que ali ficamos desde o tempo em que ainda tínhamos só tenda. É sempre bom para recarregar baterias, na piscina, depois de tantos kms.
Dia 3- Mais uma longa caminhada, desta vez até França, para descobrirmos um parque de estacionamento com muitas AC, em Bidart (W.C. e água, water, eau) N43.43780o W001. 58730o
Passeio nocturno pela vila miniatura e jogo familiar de mini-golf num pequeno parque municipal.

Dia 4 – Viagem por França até Chauvigny (perto de Poitiers), “ville fleurie” e medieval onde fazem questão de manter vivas algumas tradições.
Pernoita – na praça maior, frente à escola (Groupe Scolaire), perto do Hotel de Ville.




(Catedral Chauvigny)

Dia 5 – Mais uma longa caminhada… paragem em Senlis, pequena vila galo-romana, com uma Notre Dame importante e ruas pitorescas.
Pernoita: ao lado da muralha que ladeia a vila, perto da porta principal.
Dia 6 – Ida matinal ao mercado da vila. Cheiros variados: persil, des baguettes… o som romântico do francês “bonjour madame, merci madame”, como se ali vivêssemos há muito.
Até Bruxelas foram 266 Km. Optámos por um camping ainda longe (a 10km de Bruxelas) , numa pequena povoação dormitório: Wezembeck-Oppe.

Transportes à mão: o bus 30 (10 minutos a pé até lá) e depois o metro - na Gare Central até à capital.

Bruxelas divide-se na baixa Bruxelas e na alta Bruxelas. Mas apesar do moderno de mãos dadas com o moderno, apesar do colorido e do interesse de alguns pontos como a Grand Place e a Catedral, não se acendeu aquela chama que a elegesse como cidade especial. Está-se numa cidade que transpira bancos, dinheiro, burocratas, euros, edifícios espelhados…

Para rechear o pequeno encantamento, nada como um intervalo para uma cerveja (belga, claro!) no Teatro das Marionetas. E depois continuar…




(Grand Place)


Maneken Pies que, segundo a tradição, apagou um incêndio com o chichi. E, coitado, continua...

Dia 7 – Dia consagrado a alguns pontos obrigatórios como o Centro de Banda Desenhada, para revisitar Tintim e outros heróis do meu tempo mas sempre actuais.
Visita gratuita ao Museu de Beaux Arts para ver especialmente Marat.




No Museu: não é Marat, mas Bosh.



E Picasso!


(Os átomos...)

Dia 8 – A Flandres não podia ser só Bruxelas, evidentemente que a preciosidade estaria ali, algures. E só poderia ser Bruges, como a intuição nos dizia.

Para festejar a descoberta nada como pegar nas bicicletas e percorrer as suas ruas como se fossemos da casa.

AC estacionada no Parque do Bus, frente ao cais e perto da central de bus. É uma área de serviço para AC amplamente divulgada na net. Cara… 15€ por dia. Caso raro: nós a chegarmos e um casal português a sair – visitavam a Bélgica apenas.

Em Bruges corre um ar de festa e de jovialidade, será por que o cenário é fantástico?
As ruas sinuosas, sempre com uma novidade à espreita, os canais “venezianos”, os rendilhados dos palácios. A beleza exterior é tamanha que nos deixámos ficar pelas ruas, entrando, só por curiosidade, no Begijnhof, um complexo branco murado e silencioso onde freiras beneditinas (antigamente eram freiras beguinas) ainda vivem. Dir-se-ia uma pequena aldeia de outros tempos, um Éden na selvajaria (apesar de Bruges nada ter de bárbaro nem de cosmopolita).

Ir a Bruges e não passear de barco ao longo dos canais, não será conhecer Bruges. Por 5,70€ (por pessoa) consegue-se a proeza, e ainda por cima se se tiver a sorte de ter como guia um jovem cheio de sentido de humor e a transpirar joie de vivre , junta-se o útil ao agradável.
Engraçado…onde fazem eles compras de víveres? É que foi difícil encontrar um supermercado.



(1ª praça que vimos, frente ao turismo, a nossa 1ª paragem obrigatória)




Begijnhof

Dia 9 – Passeio matinal pelo mercado do peixe, uma construção napoleónica invulgar, onde comprámos búzios já cozinhados.

Ida à catedral para vermos de perto a única escultura de Miguel Ângelo existente fora de Itália.

Partida para a Holanda onde chegámos num ápice depois de atravessarmos um túnel. Como que por magia, eis a província de Zeeland. Verde, praias, água, dunas… Aliás, almoçámos mesmo ao lado de uma duna gigante após Domburg. Depois de a escalarmos (subindo uma escadaria), no outro lado está o mar. Holandeses vestidos, à pesca de banhos de sol soalheiros, mas ainda assim o mar nem por isso era gelado.

Procurámos em redor de Veere um mini-camping, porque nos pareceu mais sugestivo do que um camping “tradicional”. Os mini-campings são pequenas quintas, com um relvado ao sol (sim, porque naquele dia estava um sol soberbo), muitos holandeses seráficos a tostar ao sol, e tudo com um ar muito caseiro. Os outros campings seriam iguais a tantos outros por essa Europa fora e apetecia-nos ser diferentes já que obrigatoriamente tínhamos que nos “fechar” dentro de muros – Zeeland não nos pareceu nada amiga do dito campismo selvagem a avaliar pelos sinais de trânsito e pela escassez de AC estacionadas. Mas, não tínhamos percebido que era fim-de-semana e que os holandeses vinham à procura do sol… andámos de mini em mini-campings e muitos deles não recebiam AC – por causa de lhes pisarmos o maravilhoso tapete verde… Finalmente lá entrámos numa quinta cheia de porcos, galinhas e outros animais afins e o caseiro – em socas – lá nos conduziu a outra quinta – o dito mini-camping. 
Devíamos estar loucos, mas quando nos demos conta estávamos ao lado de um barracão e máquinas agrícolas, sem o tapete verde (esse ficava atrás da sebe, reservado para as famílias louras que habitavam as famosas roulottes que os holandeses tanto apreciam…) e ainda por cima a pagar tanto como se estivessemos num camping tradicional (28€!!!). Como diria o Astérix: “estes holandeses são loucos!”

Não seria o espírito mercantilista holandês a estragar-nos o dia. Nada como uma dose de ironia para os derrotar:










E nada como um passeio de bicicleta até Veere, uma vila harmoniosa como se fosse uma construção lego, limpa, terra de pescadores, turistas…

Dormir na escuridão total, sem um único candeeiro e vivalma … quem apagou as luzes??!!!


Dia 10 - Zeeland merecia mais tempo, mas estas férias estavam marcadas por uma sombra que nos foi sempre perseguindo, a assombrá-las.

Seguimos pelo percurso dos diques – o da Escalda Oriental. É de facto surpreendente e indescritível saber que estamos acima do nível das águas do mar, e sempre, tendo a água como ponto omnipresente, em qualquer lado, em qualquer esquina. É de facto um país único, fica-se imediatamente rendido.

Zierikzee – é outra simpática cidade onde os canais nos chamam, os cais, os ecos dos pescadores…
A ideia era também ir a um parque temático, por isso afastámo-nos um bocado e fizemos mais kms. Mas acabámos por constatar que aquilo não era a Eurodisney com um estacionamento próprio para AC. Lá tivemos de pagar mais aos anfitriões holandeses num camping organizado. E já que tínhamos de pagar optámos por um com piscina (camping Droomgaard) interior e exterior onde nos divertimos até às 20.00h
Dia 11 – Lá fomos ao parque temático – parque Efteling, para concluirmos que - enfim até foi divertido, mas ...




Pernoita em Albasserdam, onde conseguimos ficar à borla ao lado de mais AC, numa rua lateral ao cais do ferry para Roterdão.
Dia 12 – Paisagem tipicamente holandesa: os moinhos em Kinderdikijk. É uma paisagem deslumbrante – 3,5 Km por entre moinhos (a maioria deles habitados), sol, água e verde! Fizemos o percurso de bicicleta, como os holandeses, claro, por uma estrada onde as ditas cujas eram mais do que as pessoas (à excepção dos chineses)…


Os holandeses vivem a natureza, nem que seja a trabalhar. Ao longo do Lake as quintas são arrumadas, nos canteiros, na relva, na zona para crianças, na zona para animais, na zona para os trabalhos agrícolas… e há sempre alguém a limpar, a pintar, a aparar, a jardinar… é como se estivéssemos a viver numa revista de decoração para exteriores.

É tudo tão idílico que, uma AC estacionada, nem que seja para almoçar durante menos de uma hora, dá origem a que nos batam no vidro, porque aquele passeio é deles e lhes estamos a tapar a magnífica paisagem frente à janela da sala. Aqui em Portugal partilhamos as vistas com eles e até nos esforçamos por nos aproximar da sua língua arranhando o inglês, ali, tudo é a terra deles.

Pernoita: Segunda noite em Albasserdam.
Chuva miudinha pela noite dentro.





Dia 13 - Dali a Roterdão são apenas 45m. No water-bus.
Paisagem completamente diferente a desta cidade: arquitectura moderna, construções invulgares como as casas-cubos.
E também um passeio da fama.
E um mercado de rua com comida turca.





(Passeio da Fama)







Pernoita em Gouda (a do queijo!) num parque de estacionamento (pago) permitido a AC. 

Depois da moderna Roterdão, Gouda é outra vez o espelho daquela imagem que já tínhamos colada à pele, era outra vez Holanda, a dos moinhos, a do verde e das rendas, a dos canais, a das bicicletas com prioridade. Sim, não esquecer, não é mito: em Holanda as bicicletas têm prioridade em relação a tudo, até peões. Eu que o diga que ia sendo atropelada por uma e ainda me chamaram “Stupid”!!!



A praça Maior e o belíssimo edifício da Câmara:



Dia 14- Delft, a terra natal de Veermer.
Sempre a pedalar…mais uma praça com a Câmara ao centro… as pequenas cidades holandesas partilham as mesmas vestes, como se se de irmãs gémeas se tratasse…
Encontrámos a rua onde Veermer morou, mas nada mais, ver os seus quadros só na capital.


Teria sido o paraíso encontrar os campos de flores, mas a época não era a florida. Apesar de passarmos ao lado do Klukenhof, nem sombra de tulipas. Tivemos de nos contentar com uma visita a uma aldeia completamente isolada do resto do mundo. Depois de se apanhar um pequeno ferry numa pequena viagem de menos de 5 minutos, entra-se num lugarejo insular mínimo , com casas de tecto de colmo rearranjadas e com hotéis para quem quer fingir que está isolado do mundo.




Dali a Amesterdão é um salto, mas o camping (Gaasper camping) que escolhemos, àquela hora tardia já estava esgotado, pelo que nos decidimos a ir mais para norte. Amesterdão ficaria para mais tarde.

Optámos por Volendam e fizemos bem: fomos estrear um local para AC, 40 e muitas ali estavam, sobretudo italianas, mas também inglesas, francesas, espanholas e uma portuguesa – nós, claro! Pagar-se-ia 13€ mas o pagamento automático não funcionava e não pagámos.


Dia 15 – Volendam é um mar de turistas (afinal, pela primeira vez, encontrámos portugueses comprando produtos regionais). Um local fantástico para estar, contemplar, relaxar…

Edam também. Por lá almoçámos num restaurante onde tudo se vendia, até as cadeiras onde os clientes se sentam. A panqueca e a Apple Pie eram deliciosas.
Edam é também terra de queijos, no dia anterior tinha havido uma pesagem de queijos, ocorrência que é um marco cultural na terra. Infelizmente tivemos de nos contentar com algumas imagens e com o visionamento da balança gigante que estava no centro da praça. A balança é uma tábua grande, uma espécie de berço onde os queijos são colocados e depois “embalados” por homens vestidos de branco negociando em leilão, ali mesmo, na praça.



Outra atracção desta região são os trajes típicos. Em Volendam há inclusive lojas onde os turistas podem tirar fotos envergando trajes típicos, desde que paguem, obviamente.
Pernoita no mesmo local.



Dia 16- Poucos kms e estávamos em Marken. O parque de estacionamento (logo à entrada, porque para lá do riacho não entram automóveis) cobra 6€ por AC e mais 50 cêntimos por pessoa seja uma hora ou vinte! Para lá do que parecia apenas um riacho, existe uma península na qual se senta Marken, uma pequena aldeia piscatória que já viveu isolada, mas que agora recebe e alberga turistas.




A religião professada é o protestantismo, algumas idosas ainda usam trajes antigos.


Fotografá-las não é tarefa fácil, sorriem e pedalando ferozmente a sua bicicleta (sim, porque a idade não é factor impeditivo para a boa prática do exercício físico) fogem matreiramente!



Na pequena igreja protestante, despida de santos, uma velhota tipicamente trajada, com uma melena braça e em franja, sorria-nos, como que a dizer “Aqui não me podem fotografar”… Mais à frente, numa casa tradicional que se podia visitar, uma outra que parecia a mesma da bicicleta… ou seria a da igreja?


Numa curva, as casas às riscas, a roupa branca a secar ao vento… um filme de outros tempos, mas ao mesmo tempo a sensação que já ali tinha estado… num filme, certamente…



Depois deste outro mundo, a “civilização” – Amesterdão, em Gaasper Camping. Para ir ao centro é fácil: basta apanhar o metro a uns 500 metros.
Para 1º dia optámos por saborear os exteriores, a pulsação da cidade.
Pontos estratégicos e obrigatórios:
A Dam (catedral), sempre repleta de vida, com muitas pessoas: as holandesas que passeiam, os turistas que pasmam e fotografam, os homens-estátuas que poisam para as fotos…



Mercado das flores com as célebres tulipas ali a conviver, mano a mano, com a erva…e tantas outras flores e bolbos estranhos e fascinantes…

Mercado dos livros – infelizmente a fechar àquela hora…

Convento das Beguinas – ainda mais acentuadamente do que em Bruges, este convento é uma espécie de paragem respiratória. No seio de uma praça turbulenta, eis que se abre uma porta e, por detrás dela, o silêncio, o silêncio a viver ali entre 4 paredes e sobre uma alcatifa verde, imaculada. Só os corvos para o interromperem e 
alguns espanhóis menos educados…


Red District – apesar de irmos com as crianças, outros também o faziam, porque a Zona é atracção turística.

Canais – basta procurar um, e escolher um banco. Ali se fica horas a contemplar as águas, as gentes , os sons, os cheiros…






Dia 17- Segundo dia e já há vontade de respirar noutras paragens: os museus de Amesterdão.
Museu Van Gogh, claro!
http://www3.vangoghmuseum.nl/
Os transportes públicos são por si só outro passeio, o eléctrico, claro.
E depois é sair onde a intuição nos dita ou onde uma multidão se junta - na Leidseplein, por exemplo.


A olhar para um australiano que fazia acrobacias com uma serra eléctrica, sem se cortar...


Dia 18 - Visita à sinagoga judia portuguesa. As suas origens prendem-se a uma portuguesa de nome Maria Nunes que fugiu à Inquisição para casar com um judeu em Amesterdão. A sinagoga manteve a sua estrutura até hoje.

Na continuação do “percurso judaico” a visita seguinte seria obrigatoriamente a Casa – Museu Anne Frank. E foi. Não é só um museu, é e foi mesmo uma casa. A casa onde Anne morou, onde se refugiou, onde viveu escondida atrás de um guarda-fato. É mesmo “A casa”, não só do livro que se lê na adolescência mas a casa real, com as paredes onde ela tocou, com os postais e imagens que ela colou… mas não é um divertimento, é uma sensação de opressão e de impotência porque nada fizemos para a ajudar.
http://www.annefrank.org/splashpage.asp

Ao sairmos de lá chovia e fazia frio, o tempo estava em sintonia com os sentimentos.

No Bairro Chinês, jantámos num restaurante tailandês, para amenizar a noite. Noite sossegada na capital. Deve ser porque se divertem tarde e nós nos deitamos cedo.

Dia 19 – Descida para Utrech. Mais uma cidade muito idêntica a outras cidades holandesas, com a sua praça principal arranjadinha e a Câmara de janelas floridas.
Zona à volta da Dam: interessante.

O objectivo era o Parque Nacional de Hoge Veluwe. Ficámos no Camping Veluwe mesmo em frente à entrada do parque. Prescindimos da piscina para ir explorar o parque na visita final do dia (mais barato): das 18,30 às 21.00. Fomos nas bicicletas, mas não era necessário porque o Parque dispõe de biclas gratuitas para passear, brancas e com volantes à holandesa.
 

Percorremos quase 10 kms de Parque (ida e volta).
A paisagem é soberba, primeiro o interior de florestas cerradas, depois uma pradaria aberta e ao fundo estacámos, junto ao 1º observatório, porque um ajuntamento de carros e pessoas observava, munidas de binóculos..



Claro está que observava aquilo que todos queriam ver, inclusive nós: uma família de veados, ao longe. Também os avistámos com os nossos binóculos, sim, porque íamos bem apetrechados! No regresso – não era preciso ir tão longe – dois “Bambis” passaram a correr frente às nossas biclas e embrenharam-se na floresta. O mesmo fizeram dúzias de coelhos.
No camping também havia coelhos às dúzias, até debaixo da Casinha.

Dia 20 – Continuámos a descer, em direcção a Maastrich, uma cidade já ligeiramente diferente, com pontes a fazer lembrar Alemanha e França.







Pernoita já na Bélgica, em Harmoir, numa zona verde, frente a um pequeno riacho e campos desportivos. Muitas AC. Chuva durante a noite.


Dia 21 – Desde Bélgica a França fomos acompanhados pela chuva. Perto das 19.00 parámos em Versailles, onde ficámos num mini-camping (Versailles Asscociations), muito artesanal e muito verde (6€ por pessoa).


Dia 22 - Paragem em Vendôme para visitar a sua abadia de gótico flamejante e algumas ruelas com canais.
Mas… não podíamos atravessar o Loire e deixar de parte Loches, uma pequena cidade medieval que já conhecíamos da nossa primeira viagem a França, de tenda e só com um filho, na época com 3 anos. Desde essa visita e estadia no camping de Loches que o mesmo nos envia postais de Natal regularmente. Apresentámo-nos como tal na recepção e atribuíram-nos a mesma parcela de há mais de 10 atrás… 

Lembrávamo-nos também de uma piscina municipal mesmo ao lado, na qual os campistas entravam gratuitamente para mergulhar numa piscina interior gigantesca de água morna. Fizemos publicidade dela aos rapazes, mas os tempos mudam… o camping tem agora a sua própria «piscina (interior e de água gelada – estava frio) e a da Câmara tem outro esquema de entradas.
Optámos por conhecer melhor a vila.


Visita ao castelo e impressionante Donjon: um castelo de 36m de altura datado da era romana e que depois foi transformado em prisão.
É dedicado a Agnes Sorel, amante do rei Carlos VII, que deixou descendentes até ao nosso Duarte de Bragança. É também dedicado a Joanne d’Arc que ali convenceu oDauphin a ser rei.














Dia 23 – Descida até quase à fronteira, para ficarmos novamente em Bidart. Desta vez conhecemos um emigrante francês numa AC que vinha de regresso de Portugal com a família, nomeadamente a mãe que não ia a Portugal há imensos anos.
Dia 24 – Ida matinal ao mercado da vila – muito artesanato, compras de souvenirs.



Dali até Bilbao foi quase uma directa.
Visita ao Museu Guggenheim. http://www.guggenheim.org/
A sua arquitectura é uma obra de Arte.




No burgo velho começava uma festa anual. Frente à Câmara, centenas de pessoas. Depois dos discursos os espanhóis lançam as suas alegrias ao vento: cidra, ovos, farinha e balões. É a loucura, as tapas, os risos altos, o barulho, as bebedeiras…



Poderíamos ter pernoitado no parque de estacionamento ao lado do Museu, mas a cidade acordava para uma longa directa de barulho e bebedeiras, ao nosso lado muitas vans com jovens que começavam a festa… decidimos andar alguns Kms até à estação de serviço (na auto-estrada) de Altube, ao lado dos camionistas.

Dia 25 – viagem de regresso a casa, com a certeza que poderíamos ter andado mais devagar e estado mais tempo, mas por motivos profissionais que assombraram todo o ambiente familiar, estas foram as férias possíveis.
Com a certeza que repetiremos Holanda, sem nuvens negras a chatear…