quarta-feira, 27 de maio de 2009

Que tal um bom motivo para viajar até Évora?


(Rod Burnett, Inglaterra)


Que tal um bom motivo para viajar até Évora? Aqui está ele: a Bienal Internacional de Marionetas de Évora. De 2 a 7 de Junho realiza-se a 11ª edição da festa dos bonecos. Um bom motivo para visitar Évora, cidade Património da Humanidade (e cidade solarenga ), ainda com alguns poisos para AC.
Para mais detalhes sobre o programa das festas, aqui vai o endereço:
http://www.cendrev.com/admin/content/anexos_bime/calendario.pdf
E para aguçar o apetite, nada como recordar alguns espectáculos das edições anteriores.
Los Duendes e Teatro Hugo e Inês são duas das companhias que têm acompanhado todas as primaveras da BIME, desde o seu nascimento. Este ano cá estão elas novamente, Hugo e Inês fecham o festival no domingo, dia 7. Aquela dose de humor negro, na qual lágrimas e risos fazem transbordar o copo do público presente, fazem-nos sempre repeti-la com prazer. Eu, por mim, não me canso de reviver essas sensações/ memórias.




Teatro e Marionetas de Mandrágoa (Portugal)



El Circo Malvarrosa (Espanha)

Companhia Jordi Bertran (Espanha)



TFA (Portugal)



Los Duendes (Espanha)



Teatr Viti Marcika (Rep. Checa)


Anima Sonho (Brasil)

domingo, 17 de maio de 2009

Barcelona é festa








Barcelona tem outras cores, outras formas, outro ambiente, outra vida. Até certos sinais de trânsito são diferentes, reflexo de outro modo de viver, de outra forma de estar.
Em 2004 demos lá um salto, durante umas férias das Páscoa. É claro que daqui até lá, podíamos ter chegado num fôlego de um só dia de viagem, mas naquela vez o objectivo era ir respirando devagar noutras paragens.
Trujillo, já referida de outras viagens, foi a primeira paragem para um almoço tipicamene espanhol (revuelto com esparregos), que se tornou até hoje, num prato eleito desta família, basta haver esparregos, basta haver viagens e apetite. Toledo foi a paragem nocturna para, com vem sendo mania das férias da Páscoa, assistir a uma procissão andaluza. Na altura ainda era possível (agora não sei, mas ouvi rumores em contrário) pernoitar num parque de estacionamento, frente à Estação de Autocarros , naquela noite pleno de AC.
Tínhamos também em mente uma ida a Tarragona, cidade que desconhecíamos, e que se revelou paragem obrigatória. Tarragona é um recuo no tempo até à civilização romana e foi basicamente por aí que nos ficámos: Fórum Romano, Circo, Anfiteatro.





Em volta espreitam imensas praias, nas quais naquela altura do ano não é difícil estacionar e até pernoitar, como a playa Arrabassada. Aí almoçámos nós e apanhámos algum sol, quais lagartos, para acabarmos pernoitando noutra localidade já na direcção de Barcelona: Vilanova i la Geltéu. Na praia de Farol é proibido mas tolerado (expressão estúpida, mas que no panorama geral de discriminação, até é adequada), e foi onde ficámos na companhia de outras, estrangeiras.
Barcelona tem um senão: estar-se seguro e conseguir um local de pernoita. Há sempre a hipótese de ficar num Camping, todos eles com acesso a praias “privativas”, mas quando o objectivo é viver a cidade, não é nada prático, porque ficam longe e são caros.
Muitas AC vão ficando ao longo da linha da praia, no Paseo, mas os lugares são escassos e a avenida barulhenta. Em 2004 tivemos ainda assim muita sorte, porque o parque de estacionamento de Gracias (vigiado e pago) ainda existia. Caro (20€ por dia), mas com segurança. Anos mais tarde, estava em obras e ficámos num outro parque, agora não faço ideia. (ver "Parte II- Mais um castelo"...). Será que já há outras soluções, ou nem estas existem?
Perto de Gracias existe uma paragem de metro, pelo que tudo fica central e de fácil acesso.




Assim que se chega, é-se logo banhado de animação na zona da Sé e, a partir daí, apetece andar a pé e comer tudo com a visão: Bairro Gótico, Ramblas, Cólon, Aquarium, praça da Catalunha. Para cima e para baixo e as horas de um dia não chegam para abarcar tanta diversidade, luz e cor; assim como os pés não aguentam tanto chão, apesar de ali ser quase tudo plano.




(Las Ramblas)



-->Barcelona é também a sua original arquitectura e, claro, Gaudí, sempre a chamar-nos. Como uma visita completa exige bolsas recheadas, o melhor é repetir Barcelona e repartir Gaudí em fatias. Desta vez, calhou-nos a fatia Casa Bartó e a sempre em construção Sagrada Família.





(Casa Bartó)


(Sagrada Família)






Calcorrear Barcelona é também parar para apreciar as suas tapas, em grandes restaurantes onde as ditas cujas nos acenam de umas montrinhas enfeitadas à maneira. O Qu-Qu é um deles ou o Tapa-Tapa, no Passeio de Gracia. Pã torrado barrado com tomate é de comer e chorar por mais.
Outra hipótese mais castiça é dar um salto até à Barceloneta e tirar um petisco num dos bares/ tabernas típicos.
Depois há ainda os Museus: o do Botão, para onde espreito sempre e onde namoro sempre os botões na loja de souvenirs, na mesma rua o “de” Picasso (a sua visita ficaria para outra ocasião, apesar da forte tentação), o de Chocolate, imagine-se!



O sol é outro em Barcelona, em pleno mês de Março/Abril respirava-se Verão. Nada para retemperar energias como um passeio pedonal desde a praia Torres Marfre até H. Ars e Cólon.








Há certas ruas onde apetece ficar eternamente, voltar à direita, ir ao sabor das fachadas, dos ruídos, da sombra, do sol. Na zona à volta do Museu Picasso vamo-nos esquecendo do tempo… Acorda-se depois para “una copa” no bar na Calle Princesa, onde, mesmo lá, se ficamos outra vez, pasmados, a olhar em redor, até para as pessoas que também elas parecem diferentes.





Como acontece muitas vezes em outras cidades, em Barcelona apetece andar sem rumo, sem horários, sem obrigações, invejando quem lá mora e fingindo conhecer todos os recantos, como se lá morássemos há muito. Mas como não somos, e nem um terço da cidade ficamos a conhecer, há sempre mais para a próxima.
Naquela Páscoa foi assim, havia ainda que contar com o caminho de regresso a casa e não queríamos acelerar. Havia ainda mais praias para descobrir e gozar a vida em AC, nas calmas. Deltebre, por exemplo, é uma imensidão de dunas fascinantes ou, num estilo diferente, St. Charles de la Rápita. Aí, já preparados para pernoitar, à hora do jantar, fomos interrompidos pela polícia que nos veio, literalmente, bater à porta. Vinha avisar que não podíamos ali estar. “Onde está a proibição? Somos um veículo estacionado, não estamos a acampar.” Lá fomos argumentando, mas de nada serviu, a força de lei era mais forte com a ameaça de uma multa se ali continuássemos. Um francês ao lado resolveu a confusão, fazendo-nos sinal para o seguirmos e assim, em excursão, lá fomos. Seguiram-nos ainda uns holandeses, e lá fomos, em fila indiana até um recanto ao lado de uma zona residencial, ao lado de uma pequena praia.
Até Toledo, passámos ainda por outras praias como Carret de Berengeure e já mais para o interior, por Sagunt, uma vila romana à espera de muita restauração.




(Sagunt)





Toledo, outra vez, para que o ciclo ficasse perfeito. E para acabar com chave de ouro: Museu El Greco.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Proibição com luvas – Maio de 2009

Não é a primeira desde 2003/2004…. Em 2003/2004 foi na “zona da Feira”, ao fundo da vila. Pretexto: tapava a visibilidade de alguns comerciantes e seus estabelecimentos. Umas barreiras de altura resolveram o caso, sem ser necessário chamar a polícia ou colocar placas de proibição.

Mais tarde, (um ano depois?) na zona ao lado (cais), sucedeu-lhe o mesmo: barreiras de altura. Durante pouco tempo (2 anos, 2 anos e meio?) a situação dos autocaravanistas pareceu viver uma mudança que faria esquecer as barreiras impeditivas: ao lado da Escola Primária era possível estacionar, pernoitar e, mais importante que isso, podia-se fazer uso de um improvisado sistema de limpeza com despejos para wc químicos , águas sujas e limpas. Mas foi sol de pouca dura…. Terão alguns abusado da sorte, por colocarem no exterior o material por outros intitulado de campismo? Era ou não era uma zona para autocaravanistas? Chocava a população, comerciantes ou dirigentes camarários, as mesas e cadeiras no exterior, os toldos sombreiros, os assadores com peixe e carne frescos do mercado mesmo ali à mão de semear? Correram rumores que o espaço estava destinado a outros voos: construção de imóveis, provavelmente moradias. O tempo passou, e mais uma vez, agora em Maio de 2009, assim como em Agosto de 2008, constatei que nem buracos existem no local, só uns montes de areia ervas altas…

E, para muitos autocaravanistas, uns, recém-chegados, outros, já reincidentes; uns mais observadores, outros menos, Porto Côvo (é este o nome do Paraíso perdido…) continua a ser um local para férias e fins-de-semana, recorrendo à falésia (nos locais ainda não vedados por arames farpado), às ruas da aldeia, aos bairros e, por enquanto, ao parque de estacionamento ao lado da Praia Grande. Por enquanto, porque, no feriado do 1 de Maio, esta trabalhadora e outros que por lá estavam, depararam-se com novas barreiras amarelas e pretas, quais girafas tontas (sem ofensa para as elegantes criaturas), a barrar uma das entradas /saídas do dito parque. Eram recentes e possivelmente não houve tempo de colocar outras na outra entrada. No próximo fim-de-semana, certamente que, com luvas às riscas amarelas e pretas se fecha mais um local onde as AC podiam parar, estacionar, pernoitar. E assim Porto Côvo se fecha a este tipo de viajantes, a este tipo de turismo. Rumores se ouviram novamente; que o dono do restaurante da Praia Grande se queixara da diminuição de clientes à conta dos autocaravanistas…

Ao lado de quem se queixa, questiono-me também sobre problemas ambientais: onde vão aquelas 50 AC (era o simpático número na noite de 1 para 2 de Maio) despejar as suas águas sujas? A todas lhes preocupará salvaguardar o meio ambiente? Mas não será certamente esta a questão que os tais queixosos levantam, caso contrário já teriam disponibilizado um terreno com as devidas condições técnicas para estes percalços ambientais. Se a questão se prende ao cifrão também não percebo por que razão não criam o dito terreno, com um preço diário? ! Eu por mim não me importaria nada de pagar, mas provavelmente aqui a questão fundamental nem é o dinheiro.

Certamente que, porém, não é esta a questão crucial de quem coloca barreiras. Nem sequer a questão comercial e turística o será?! O que é desconheço, porque uma proibição com luvas, sem texto oral ou escrito nada explica, apenas discrimina e, caramba, choca-me ser alvo de discriminações! Também tenho direito de ir à praia, de ver a paisagem, de comprar… a propósito: fiz as contas: 43,90€ num jantar na aldeia, 31€ em supermercados, 18,70€ em jornais , revistas e euromilhões, 14 € em doces e gelados, 14€ na prenda para o dia da mãe, 6,05€ em utensílios vários nos chineses da terra (já que divulgo este último comerciante beneficiado, acrescento os restantes: “Marquês geladaria” e “Loja das Prendas”, Coop e mercado na rua da Padaria, tabacaria).

Fechado o parêntesis provavelmente pouco representativo para os comerciantes que beneficiam com as minhas visitas, imagino o que se soma só com 50 AC… Se fizermos as contas a pelo menos 2 pessoas por AC, serão só ali, 100 pessoas. Qual é o Hotel de Porto Côvo que comporta esta centena (já para não falar dos outros por ali fora espalhados!?… E qual o Camping (no caso de ser esse o argumento) que tem espaço para tantas famílias sobre rodas?

Mais uma vez fico sem resposta e mais uma vez me escandalizo com a falta de visão daqueles que nos dirigem neste país.

Ah! Esquecia-me de referir que quando chegámos as barreiras estavam em pé, mas durante o fim-de-semana um irlandês sexagenário, sem intenções revolucionárias (não se lembre alguém de acusar a terceira idade de gestos irreverentes e violentos…) tocou ao de leve num poste e a estrutura desmoronou-se. Só digo isto não se desse o caso de alguém pensar que tinha sido eu, várias testemunhas constataram o acto e sorriram à imperfeição e improvisação da estrutura. No domingo já estava novamente em pé, com parafusos e cadeado!

Talvez lá passe mais para o Verão para tirar nova foto às duas barreiras e , espero, a menos AC a encher os bolsos dos ex-donos daquele Hotel.