quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dia 17- a escuridão


Estamos no Natal e a crónica que hoje revisito não tem nada de natalício. Mas como o meu espírito natalício cada vez é menos grandioso, esqueçam a primeira frase. Além disso, provavelmente por ser Natal é que não faz mal relembrar atrocidades , para que não se repitam. Por isso , continuemos com o relato das férias de Verão de 2010, antes que o ano acabe e tudo se evapore no ar ...
No nosso décimo sétimo dia de férias , estando ainda em Munique, pusemo-nos a caminho de um marco histórico, bárbaro, atroz, feio. Refiro-me a um campo de concentração, no caso Dachau, a escassos minutos de Munique, bastando para isso apanhar o comboio desde a cidade até lá. Ao que parece foi um dos primeiros , ou talvez mesmo o primeiro campo de concentração nazi. Tinha capacidade para 200 pessoas, mas, no fim da guerra, chegaram a estar lá 2.000.
Para falar a verdade, apesar de funcionar lá um Museu , como chegámos perto da hora do fecho, não aprofundámos dados históricos. Limito-me, pois, aqui, ao mais óbvio, o que lá vi e agora aqui publico já pesa o suficiente. Bastam as imagens do que ainda lá se ergue, bastam as passadas - de quem nem perto está de imaginar o que por lá se passou - ao longo das árvores agora libertas dos pavilhões ( apenas restam dois), para nos sentirmos tristes, humilhados e revoltados contra a raça humana . Na época, contra aqueles que se diziam oriundos de uma raça superior; agora, contra tantas outras que continuam a espezinhar, aterrorizar, massacrar, explorar, matar, por questões políticas, religiosas, económicas, gente da mesma raça , da mesma ou de outra cor, de outros credos, de outras ideias, ou seja, gente, pessoas, vidas.
E o Natal continua a 25 de Dezembro de todos os anos, até em Dachau deve ter continuado, pois.










sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Outra “cosa” , ou outra “nostra”, depressa!




Ainda bem que vivemos num Estado de direito, em plena e franca democracia.

É por assim vivermos que é possível o franco e ameno convívio entre republicanos, carbonários, comunistas e simpatizantes de esquerda sem filiação definitiva – amigos dos 110 anos de uma Sociedade Operária -, num espaço com decoração fascizante, certamente que reflexo das ideias de quem o habita e ergueu.




Provavelmente, num Portugal aberto, num Portugal filho da revolução pacífica das flores, num Alentejo apesar de tudo pacato, numa Évora tradicional, todos convivem e coabitam sem discórdias de maior.

Mas, convenhamos: até posso conviver amenamente, até posso tolerar A, B, ou C, mas , quando os hippies são convidados a sair, começo a ter dúvidas;




quando o Ultramar me saúda, já me coço;



e quando finalmente o Salazar me sorri lá da parede dos fundos, o caldo começa a entornar-se...






Vivamos pois em democracia, mas o meu direito de expressão e o meu direito de escolha levam-me a dizer “não” e a escolher , de futuro, outra “cosa”, ou especificando, outro restaurante ao qual possa chamar de meu ou “nostro/a”. (Claro, isto é conversa mole de alentejano pacífico, mas também é afronta, afinal sou eu que pago...

Claro que ninguém me obriga a lá ir. Mas, eu tenho o direito de poder e querer entrar. Tenho o direito e dever de achar que é uma afronta ao Portugal Democrático. E não, o estabelecimento não tem o direito de expôr tais atrocidades. Não o permite a Constituição.

Sim tenho o direito de poder reclamar, no livro respectivo se tal me der na gana...

Não, não me apetece ter tal trabalho.

Digo, portanto, “Não” a tal “Cosa”!