sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sinfonia de cores de Inverno em homenagem às vítimas

Neste tempo inclemente de catástrofes naturais, aqui , lá longe, e minutos antes de se saber se o Haiti voltará ou não a ser atingido pelo Fado da desgraça, por que não uma sinfonia calma, amena?

É certo que o frio marca as imagens, mas nada que não seja natural num Fevereiro deste século. Menos natural é a acção do homem na Natureza e a passividade com que governos de todo o mundo olham em redor.

Por mais quanto tempo teremos um leve manto de geada?

Por mais quanto tempo correrão calmos regatos e rios?

Por mais quanto tempo as cores serão cores? Como estas..
.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

As amendoeiras em flor e outras cores



Neste Inverno rigoroso e inclemente, na semana do Carnaval, a chuva, o vento e a neve atacaram o país de Norte a Sul. No Sul apertava o frio e a chuva, no Norte a neve, algum sol e frio. Optámos pelo frio do Norte.


O sol brilhava timidamente, mas ainda assim era alguma luz.
Na serra da Estrela o manto de neve cintilava, a subida até à torre ia revelando uma forte luz branca.







Mais para baixo, do sopé da serra até o Sameiro, os contrastes de cor e o deslizar tranquilo do Zézere e das ribeiras.














E, ao longo do Douro, as amendoeiras iniciavam a sua Primavera em flor.
Os socalcos vinhateiros estendendo-se pela s ribas , com o Douro bem lá ao fundo.





Os castanhos e os verdes em diferentes tonalidades...


(Mirandela)



E sempre, o frio, às vezes uns flocos de neve, em Vila Flor, por exemplo, ao acordar, num camping caseiro de pinheiros , ou em Podence, à noite, no meio de uns casamenteiros Caretos, no lusco-fusco das tochas.





(Camping de Vila Flor)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Carnaval fértil de frio



É preciso percorrer muitos Kms de curvas, de frio, de neve, para enfim, para lá dos montes, penetrar num Carnaval genuíno, longe dos sambas, mais antigo que o tempo. Essa genuidade, depois do Douro, depois dos montes, bem no meio das pedras altas e agrestes, é a simplicidade das danças coloridas e alegres, das chocalhadas da fertilidade em roda das raparigas solteiras. Refiro-me, claro, aos caretos de Podence, toscos, simples, e por isso mesmo riquíssimos e únicos… não tão únicos, porque ao que parece, a vizinha Espanha “transmontana” conhece tradições semelhantes.
Este 2010 chegámos na segunda, no seio de um gélido vento e de um tímido sol que mesmo assim fazia rebrilhar a gincana de burros gordos de pêlo, com a Albufeira de Azibo a servir de quadro de fundo.








O Sr. Presidente da Junta, amavelmente, havia cedido o seu magnífico “quintal” para a pernoita e estacionamento dos autocaravanistas. Gesto simpático no qual muitos deviam pôr os olhos…



Às 19.30, uma feijoada quente recebia os forasteiros e amigos das máscaras vermelhas (e de outras)…
Às 21.30, os casamentos celebravam-se no adro da Igreja matriz, debaixo de um frio que volta e meia se trasnformava em flocos de neve, qual Natal tardio.
Depois dos sinos badalarem as 22.00, depois de lidas as brejeiras declarações às raparigas casadoiras, o apagão instalou-se. As ruas foram percorridas por máscaras toscas, coloridas, naifes e iluminadas por fracas tochas, relembrandos tempos de candeias e de velas breves.



Já na Casa do Careto e seu largo, os bonifrates da Mandrágora representaram o seu Auto da Criação do Mundo, apelando ao pecado do Homem como meio de celebrar a vida. A vida que são três dias e este já era o final do 2º… Por isso havia que terminá-lo em baile, ao som da gaita de foles e com os pés gelados a gritarem por brasas. Não sem antes se queimar o entrudo...






O que vale é que no meio dos flocos de neve havia uma AC de 15º aquecida, qual hotel de 5 estrelas. Debaixo das estrelas e da neve, sob a hospitalidade do Sr. Presidemte da Junta , do silêncio e dos montes, a noite foi divinal, os sonhos medievais.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Relógios


O tiquetaquear do tempo é um dos verbos onomatopaicos mais expressivos da nossa língua. Assim como o aprecio, aprecio também os ponteiros, o redondo ou oval da forma - não do tempo - mas do objecto que o encerra e o dá a conhecer ao homem.
E, no entanto, vivo na angústia de não conseguir gozá-lo em pleno, saboreando cada carpe diem grego. Ao invés, saem-me da boca vulgares expressões como: “não tenho tempo”, “as e vinte e quatro horas não me chegam”, tomara que o tempo passe”, dependente das circunstâncias e até do tempo.
“Parar o tempo”, aqui e agora, é outra expressão que, felizmente, soa bem em momentos nos quais imagens como estas são captadas e ficam paradas no tempo a registar… bem, a passagem do tempo.
"É tempo de " ...

Badajoz, Espanha


"Há quem brinque com o tempo"...

Basel (Basileia), Suiça



"Ao mesmo tempo" admira as cores...


Basel, Suiça


"dar tempo ao tempo" é certamente um bom remédio


Concarneau, França



A "tempo inteiro"


Copenhaga, Dinamarca




"com tempo"

Floresta Negra, Alemanha


"sem tempo"?


Genéve, Suiça



Em part-time? (há expressões que soam melhor em inglês)...

Gouda, Holanda



Com "tempo extra" ainda seria melhor.


Gouda,Holanda


Há quem corra atrás do "tempo perdido",

L
isboa (parlamento), Portugal



Quem "mate o tempo".



Léon, Espanha


O tempo voa


Luxemburgo



O tempo parado


Mértola



"Ó tempo, volta para trás"

Odense, Dinamarca



Cheguei a tempo!


Oviedo, Espanha


"Ao mesmo tempo"

Roterdão


"Time after time"

Riquewir, França


"O tempo não perdoa"

Strasbourg, França


O fim dos tempos

Strasbourg, França


Em boa hora! A barriga dá horas!!!


Tavira, Portugal



"Acabou o tempo"

Vannes, França

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Portas (de A a Z)


As portas, afinal o que são?
Pontos de passagem, barreiras?
Pontos de passagem entre o cá e o lá, barreiras fechadas possíveis de abrir do cá para o lá.
Prefiro pensar que são pontos, ou melhor, pontes de passagem. Do outro lado, mistérios se abrem, folheiam-se páginas de livros, de álbuns, de memórias…
São as páginas das vidas dos outros, às vezes alheias, às vezes tão como as nossas…
Ao longo destes anos, olhando através da lente, sempre tive a ideia de ter captado muitas portas. Ilusão. Poucas portas afinal registei, por mais que tenha tentado sempre preferi as janelas… vá-se lá saber por que inconsciente impulso…


Bate-se ou tilinta-se à porta e... quem sabe?

(Andreus , Portugal)




Alguém sorria, porque acabou de passear na "Feira da Ladra".



Brighton, Inglaterra


Ou venha alguém zangado, pouco hospitaleiro...



Chinon, França



Ou não, porque as flores simpaticamente dão sorte a quem dela precisa...



Dinan, França




O passado também espreita, algum sultão ou princesa apaixonados, perdidos...


Granada, Espanha


Um cheiro antigo a maresia... a esposa aguardando o marinheiro.

Marken, Holanda



Nas portas há sempre um número, ou um número e meio...


Porto Covo, Portugal


Ou matronas esquecidas preparando toiletes de procissão...



Ronda, Espanha



Nalgum 53...


Strasbourg, França


Ou encondido em caves de mistérios...

Veere, Holanda



Com ar maroto de criança a brincar nas ondas do circo.


Veere, na Zeeland, Holanda