quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Antígona a navegar na Costa



Como filha da planície que sou, tenho sempre aquela necessidade romântica de inaugurar a praia no primeiro dia do ano. Estre ano foi excepção. A inauguração deste clássico evento ocorreu apenas a 5 de Fevereiro.
E, para falar verdade, só aconteceu por causa de outro motivo literalmente clássico. Refiro-me à tragédia de Sófocles, Antígona, em cena no Teatro Municipal de Almada, na noite anterior. Um banho, não de mar, mas de poesia pura pela boca do colectivo do Teatro S. João, Porto. Ali, envolta em sons, sonhos e mitos naquilo que me parecia a casca interior de um barco, fui desbravando águas para adormecer do outro lado da terra, na Costa da Caparica. Já passava bem da meia-noite e ali, no parque de estacionamento, frente ao “Barbas”, poderia estar tudo de molho, mas nem as águas se vislumbravam, tapadas pelas alturas pela mão do homem erguidas. Depois de sonhos com filhas e irmãs honradas, mortes e vinganças do Fatum, o dia acordou sem conflitos e presságios de má hora. Tirando aquele ambiente domingueiro e corriqueiro do fato de treino pela “marginal” e da excursão faminta ao “Barbas” (a crise , aliás, parecia não ter ali chegado)... Para alguns , outros comerão do que pescam...
Mais à frente, pisámos a praia pintada de um Mar de contrastes:
Um banho de luz e bailarinos surfistas




Versus uma areia de lixo




Ou ainda a vivacidade dos animais domésticos




Versus vidas idas que dão à costa





Assim como elementos naturais




versus elementos anormais






Gente vestida-a-fingir-que-toma-banho




versus gente exposta ao tacto frio das águas





Eis o baptismo de 2011, eis Portugal antes da época balnear. Caminhemos à espera de melhores dias...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

12 de Agosto, 22º dia de férias – e o barómetro a descer...

Estava a correr tudo bem, mas não “há bela sem senão”. E foi a partir daqui que as férias começaram a entrar no declínio do gráfico. Após o clímax em Füssen, o anti-clímax... em Füssen.
Como já referi no acidente intitulado “ Desventuras em autocaravana" , foi em Füssen que recebemos um telefonema do Banco, a avisar que o nosso cartão tinha sido clonado. Atenção, pois, viajantes deste mundo! Podemos estar inocentemente a pagar ou a levantar dinheiro numa caixa multibanco e algum espertinho lembra-se , astutamente, de nos lixar!Por essa altura, a nossa conta já tinha menos 300 e tal euros, pasme-se... subtraídos algures no México.Não se confundam, nós não estávamos no México, estávamos mesmo ali, na Alemanha, ainda na simpática e suave Füssen, anulando cartões , fazendo telefonemas para o banco em Portugal. Enfim, burocracias chatas que ninguém deseja quando está no oásis das férias.
Vá lá, ainda conseguimos continuar a rolar sobre solo imperial alemão até Lindau. Para ajudar à festa, chovia. Para ajudar ainda mais, é a partir daqui que deixo de contemplar os meus seguidores e leitores com fotos. Uns dias depois seria assaltada, lembram-se? Será, pois, a partir deste dia 15, destas férias já passadas (ainda bem , porque já temos nova digital, bem feita, larápios!), que poderão apenas ler! O verbo ver será apagado destas memórias. Tentarei ser um bom guia, como se guiasse alguém privado de visão.
De Lindau que dizer?
Nos arredores ficámos ( 47º 33’ 28,7’’ / 9º 42’2,4’’ - 70 Cêntimos por hora). Se o céu não desabar (como presenciámos), pode esperar-se uma brecha e ir até à cidadela a pé, apesar de o dinheiro pago incluir o bus. O problema foi que nem o avistámos. Não interessa, o passeio é fácil e bom caminho.
Lindau situa-se numa ilhota após travessia de uma longa ponte com o rio tumultuoso e agitado das chuvas .
Recordo desse dia a Rathaus, colorida e atraente, assim como o arejado e movimentado centro histórico. Um bela fatia de tarte de maçã também ilustra o nosso passeio gustativo.
Registo ainda uma companhia de Marionetas, num teatro próprio, naquele noite exibia-se a Flauta Mágica.
Paragem e passeio obrigatório é o porto de Lindau, ali, paredes meias com a Suiça, do outro lado do gigantesco lago, e com a estátua do leão à popa (ou será proa?). O som das partidas e chegadas apita, à volta, as bandeirolas e cores festivas dos hotéis repletos de felizes “jubilados”, convidam ao descanso.
Mas a chuva não foi boa anfitriã, a Alemanha é mesmo assim...molhada e invernosa, mesmo no Verão.
À noite um bom filme caseiro, Milk, na Casinha. Está na hora de deixar a Alemanha.