segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Top das férias de Verão 2011



Ir para fora cá dentro, já dizem eles há muito tempo. Mais recentemente, com a Troika, divindade que a todos nós comanda, ainda mais o lema se repete.
Por estas e outras contingências é que fizemos nossas as palavras dos outros e fomos. Cá para dentro. Com pena de não para ir fora. Com um olho naqueles que vão aonde lhes apetece e com outro naqueles que nem férias têm, portanto o melhor é dar-mo-nos por felizes e satisfeitos e gastar em Portugal aquilo que o país precisa, esperando que nos dê algo de único, irrepetível, enfim, umas boas férias.
Guardo aqui, antes de mais pormenores que daqui em diante narrarei, as dicas top para futuros viajantes: de autocaravana ou de outras rodas ou até de barco, quiçá?
Parte I:
- o Festival Músicas do Mundo já noutra crónica relatado;
(Sines)


- a calma azul das águas alentejanas, sempre igual mas diferente;


(Porto- Côvo)

- na fronteira entre o Alentejo e o Algarve, um cantinho meio selvagem de verde, rio e mar, um braço feliz da natureza a lembrar Astúrias;
(Odeceixe)


- um parque de campismo simpático e acolhedor com mar à vista.
(praia do Carvalhal)

Parte II:
- o totalmente desconhecido de algumas praias fluviais da Beira Baixa, cantinhos bem cuidados em que os rios , mais ou menos selvagens, se revelaram novidade, como as fragas de S. Simão


(fragas de S.Simão)


ou a praia das Canaveias




ou ainda o cosmopolitismo de Góis a lembrar canais venezianos;

(Góis)



- o tradicional reavivado, no caso as Aldeias do Xisto, mais concretamente Casal de S. Simão;




- o outro lado de Aveiro que nos faltava descobrir, que se podia geminar com Copenhaga.

(Aveiro)
E, a par de tudo isto, coisas íntimas entranhadas na epiderme de quem adormece a ouvir as ondas e acorda com as gaivotas ou as cigarras (este ano faltaram os corvos), num cappuccino de autocaravana, sensação única de quem é amante de viver com a casa às costas.





quinta-feira, 11 de agosto de 2011

FMM, Sines (Capítulo II)



Ainda dentro do lema “Conquista o Alentejo” a música agora é outra. Começando em Sines terminando na Zambujeira do Mar, a música é outra alternativa para nos conquistar. Com ou sem praia à mistura, porque o ouvido também conta!
O Festival de Músicas do Mundo, em Sines (este ano de 22 a 30 de Julho) é um evento certamente muito diferente dos comerciais festivais de Verão que por Portugal pululam. Porque alia a praia à música dentro de um espaço arquitetónico simples e airoso que é a própria cidade de Sines. Porque qualquer espectáculo é sempre uma surpresa, a não ser que se esteja tremendamente por dentro das músicas do mundo. Porque todo o cenário envolvente é familiar, porque decorre nas calmas, à beira do mar, das nuvens , do vento…

(Vista do castelo)
O percurso é sempre o mesmo mas sem rotinas: praia, avenida Vasco da Gama para mais um concerto no palco da Avenida, ou mais uns petiscos nas tasquinhas, ou mais um passeio pelas tendas de artesanato. Sobem-se as escadinhas para o Castelo, visitam-se nos seus recantos mais peças criativas de bijuteria ou outras, vê-se a baía descansadamente ao lado do grande marinheiro e sonham-se velas e naus pelas músicas do
mundo singrando… do lado oposto, na ruazinha que sobe ao largo do castelo, cheira a especiarias da Índia, chegaram os árabes deste século com os seus panos, vestes, artes, magias… e entra-se no castelo para mais um ensaio se a banda ou cantor assim o entenderem. Se não, há o concerto grátis das 18,45, com a toalha da praia no obro, sentados no chão abertos para um som diferente, vibrante, eclético. E em Sines – e é isto que distingue este festival de outros com nuvens de pó e jovens de altifalantes berrando – todos vivem o festival, o jovem da praia, os espanhóis, os portugueses, os sineenses, sem excepção de nação, idade, vocação, ali, lá fora, nas esplanadas, nas ruas, nos cafés (aconselho a pastelaria Vela d’Ouro e um folhado de chantilly com morangos!).


(Baía de Sines)

Já cansados de andar, sentemo-nos ao entardecer, no castelo: ouçamos Aduf , uma experiência enérgica contagiante, a lembrar Monsanto mas com mar ao fundo;
(Ensaio ADUF)
(Aduf)

ou ouçamos LUME, um jazz português original e jovial.
(L.U.M.E.)
Eram portugueses, calhou, a vocalista dos Aduf era basca e saboreava como portuguesa a palavra da língua de Camões, amigo e companheiro ficcional do Gama, ali a uns metros erguido ou nas salas do Museu recordado (ali mesmo, no Castelo, um museu que vale a pena visitar, igualmente familiar, igualmente simpático, a casa onde o Gama nasceu, a terra de onde foi expulso).

(Aduf)

Cai a noite, nada como um bolo do caco madeirense, porque as terras são portuguesas, as conquistas fizeram-se pelo mar, o Gama aproximou gente de sons, de sabores, de músicas de todo o mundo … até hoje até sempre.





terça-feira, 9 de agosto de 2011

Conquista o Alentejo, Capítulo I

Alguém viu este Verão o controverso anúncio “Conquistaelalentejo”? Ao que consta a paisagem nem tão pouco é alentejana, mas o verbo e a bandeira hasteada levaram à revolta verbal.
Se falo de tal não é para alimentar mais nada, é apenas um pretexto para dizer que este verão me tornei espanhola em terras portuguesas, no Alentejo mesmo, apesar de até ter percorrido alguns quilómetros de praias da linha ao sul de Setúbal, “around” Troia, portanto.
Certo é que quando vi o anúncio já lá estava, certo é que as razões desta minha conquista se prenderam ao foro ( e forro) da bolsa assaltada pela Troika ( e não Troia), certo é que senti saudades dos velhos tempos em que a Casinha rolava por essas estradas europeias afora, certo é que … mesmo assim foi bom. Não são só searas e planícies que forram o Alentejo, o Alentejo é também mar a perder de vista, praias em recantos quase virgens, vacas a pastar quase dentro dos mares, rochas, dunas…merece pois ser conquistado, seja por árabes ou espanhóis ou quem vier por bem, alentejanos por exemplo. E pronto, o Alentejo conquistou-me, cai na rede qual sardinha, voltei atrás no tempo em que as viagens eram de casa às costas mas feita de pano e ferrinhos. Agora, um pouco mais burguesa, mas nem tanto assim, há vivendas maiores e melhores; a Casinha desta vez portou-se bem, até agora nem um furo, nem uma avaria, nem uma raspadela… mas isto é só o Verão I… veremos quando a conquista nos levar ao norte.
Mas chega de preâmbulos, este é o Verão I, capítulo I, por terras do Além tejo com mar. Antes de tudo a volta São Torpes – Sines – Porto Côvo, com destaque para São Torpes. Ali onde a paisagem ao entardecer é assim lunar …


São Torpes lunar...

ali onde as feias chaminés e tubos e fábricas não fazem dela uma homónima da francesa Saint-Tropez, mas ainda assim, para esta família, é mais homónima do que a recém galardoada Praia do Pego. Na francesa não há fábricas como pano de fundo, mas as areias também não são finas e brancas como as artificiais do Pego. O que é igual, nesta bem alentejana, é a tepidez da água , claro que por factores diversos, mas a temperatura é que conta, cada um vê o que quer ver. Neste caso, mergulha-se por aquela água tépida, assim mesmo a dar para o caldo verde que é como lhe chamamos entre família, não tivéssemos tido entre nós um extremoso bracarense emprestado.
São Torpes ficção
E foi no caldo verde que iniciámos este verão I, de 2011, às vezes com uma bola de Berlim com creme à mistura e de sotaque do Nordeste ! , e também com um café do bar azul Trinca-Espinhas, alternando ainda com as falésias de Porto Côvo, as investidas para mais um sabor no Marquês ou uma pizza Dolce Vita. Como se pode ver/ler, consumimos em Porto Côvo e arredores, e friso o verbo, porque o que poderia ter gasto em Espanha ou França ou Alemanha ou ou ou , foi-se gastando em terras portuguesas, nas quais , o autocaravanista continua a ser mal recebido e acusado de actos pouco cívicos, quiçá bárbaros. A imprensa local e nacional voltou a bater na mesma tecla, o que já cansa todos os verões. Por que não mudam o disco e empreendem novas visões onde incluam o autocaravanista com infraestruturas adequadas?
Falésia
Certo é que estive no rol dos indesejados, quando também lá estive, quando também conquistei, quando também consumi… não digo que fui conquistada porque a conquista já se havia dado há mais de 20 anos atrás quando a população, os comerciantes, os dirigentes, enfim, as gentes do Além Tejo como eu, agradeciam qualquer tipo de turismo itinerante, selvagem, doméstico; com muito ou pouco dinheiro nos forros dos bolsos; mesmo sem multibanco na praça,
Pombo crente
mesmo sem filas, mesmo sem animação nocturna a imitar cidades europeias, mesmo sem casa para alugar, mesmo sem tantas casas, mesmo sem autocaravanas a ocupar tanto espaço.