quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Castanhas e cores outonais




À procura de alguma animação pitoresca e de uma lavagem cerebral para o depois e o antes das depressões laborais, mas… a escolha não foi a melhor.
Marvão no topo                                                      Capela em Marvão

Dias 12 e 13 de Novembro, à procura de um São Martinho inspirador como há uns anos atrás no Algarve, mas que aqui, no Alto Alentejo, saiu com pouca genuinidade. Quando digo Alto Alentejo refiro-me literalmente àquele alto de pedra, já a pender para a Beira Baixa, no topo da Serra de S. Mamede, paredes meias com a raia espanhola: Marvão era e a sua Feira da Castanha. Nunca imaginei que fosse tão concorrida e não cheguei a perceber porquê.  É claro que o cenário natural é de peso, a vila enquanto palco para festividades ao ar livre também, mas ao Município de Marvão faltam ainda muitos lampejos de criatividade. A imaginação fica-lhes na base da pirâmide intitulada “fazer dinheiro”, começando logo com a subida de 5 kms de Portagem até ao local, por 3 euros o casal, e continuando com o eurito cobrado è entrada da vila, cujas portas eram zelosamente guardadas por uma barreira humana de ar pouco amistoso, como se fossemos entrar para o matadouro ou algo parecido. Curiosamente e contrastando com a nossa última visita fantasmagórica a esta vila medieval, desta vez, havia pessoas, cheiros, sons, e também o que nunca antes tinha visto: portas e portões abertos de casas particulares. No entanto, todos os esforços tinham sempre como objetivo a venda fácil e pouco atraente de algo (basicamente artesanato) que pouca relação tinha com o espaço ou a ocasião. Até nos quiosques de rua… até na música que brotava das colunas da vila (“Ai , Lisboa…”) e  dos grupos cantadores que pelo palco do arraial iam passando. A experiência durou 45 minutos e custou 7,75€, entre transportes, entradas e a prova do vinho novo e das castanhas, o único motivo da visita. As castanhas estavam podres, o vinho bebeu-se.

Para sossegar os ânimos, e longe da confusão, optámos pela calma do Sever e suas águas, na pequena povoação de Portagem. Desta vez sem banho e com a maré baixa, contemplámos o silêncio.


                                                              Piscina outonal de Portagem


E, como um azar das escolhas nunca vem só, escolhemos certamente o pior restaurante para jantar. É verdade, depois de vários meses a fazer como a Troika dita (sem frequentar restaurantes) decidimo-nos preguiçar e degustar produtos da época, do veado desistimos para ir ao naco de porco e ao javali, e ali, no “restaurante Sever”, nada de especial o paladar gozou. O naco pouco condimentado e o parco acompanhamento do javali fizeram-me pensar que as capicuas da data (o dia anterior) não eram sorridentes a estes viajantes.

Ficou o quê? O silêncio da noite encostada ao Sever e, ao acordar, as cores outonais. Essas não mentiam, não.







                                                 Ponte romana em Portagem




1 comentário:

Viagens a Dois disse...

Não faziamos a mínima ideia que em Marvão se fazia uma feira da castanha, por isso agracedemos a dica.
Abraço