Há 30 anos ou mais que, pelo menos uma vez por ano, vou à
Figueira da Foz.
Aqui há uns largos anos, no reinado Santana Lopes, nasceu o “Oásis”
no areal extenso da praia, obra de controvérsias, tanto no ponto de vista dos
figueirenses como até de forasteiros como eu. Continua lá. Se com ele – o oásis
– se pretendia saciar a sede ou a ilusão de alguém, desconheço. Talvez as do
seu D. Sebastião… Eu, pelo menos, neste mês de agosto, colhi lá um cache ( do jogo geocaching) e por coincidência ou obra de qualquer fatum inevitável, ia esbarrando com o
próprio Santana Lopes. A sério ! sem
ironias nem más línguas, nem quaisquer jogos de língua.
(esta é outra controvérsia, apesar de fotogénica...)
Este
verão, porém, o que de novo nasceu na Figueira da Foz foi a reconstrução da
zona pedonal à beira rio, a qual inclui, rente ao Forte de Santa Catarina , um
espelho d´ água que reflete a muralha e que logo no dia da inauguração passou a
ser passeio molha pés e pernas de pequenos e graúdos. Mais uma vez instalou-se o
debate. O meu amigo Nelo aproveitou para blogar sobre o assunto, depois de eu
ter atiçado o lume. Como já disse, não moro na Figueira, e, como venho do “sequeiro”, faz-me falta a água
e gosto de ver água e, se me deixarem sentir o seu contacto com a pele, não me
escuso, gosto, pronto.
Essa
foi uma das razões que não feriu o meu sentido de abertura ao novo, mesmo
apesar do mar estar ali ao pé ( a propósito, “abriu” também com a renovação a “praia
do cagalhão” , assim conhecida pelos nativos figueirenses, mas que , lá está,
eu aproveitei, porque não vislumbrei nenhum desses mal cheirosos e rugosos
abjetos - mistura de dejeto com objeto - e ainda aqui estou sem manchas cutâneas
nem qualquer tipo de alergia. Depois do banho marítimo, aproveitei ainda o novo
duche colocado no passadiço da dita praia).
Além do lado prático e funcional deste pedaço da nova obra e
voltando ao espelho d´agua, este não ofendeu ainda o meu sentido do belo ,
porque o enquadramento possui um certo ar de continuidade: a muralha conjuga
com o xisto, a água relembra antigos fossos, sendo no entanto este bem mais
pacífico , já que cada qual mergulha e passeia conforme lhe apraz.
Não esperava no entanto que para festejar tal marco se
esquecessem que Portugal não carece de bons músicos e optasse por mais uma
vulgaridade no plano musical, mas provavelmente, com tanto dinheiro gasto na
obra e porque o verão é tempo de festivais em Portugal, havia que poupar ou não
havia artistas disponíveis.
Fora este pequeno pormenor, realço outro menos positivo
tanto para mim, mera forasteira, como para os nativos: a falta (depois desta
praia continuar ainda a ser uma
forte procura por parte de autocaravanistas nacionais e internacionais) de uma
estrutura moderna e eficiente para autocaravanas. Não basta um parque separado por
uma vedação em que se paga mais por dia, para se pensar que é desta que os
autocaravanistas têm um espaço próprio onde se vão portar bem, falta ainda o
essencial: água e uma área de despejos para sanitas químicas e despejos de águas
sujas)!!!
Fora isto, a claridade continua na Figueira da Foz se todos
a deixarmos continuar, o nevoeiro continua a ser frequente pela manhã, o mar
permanece azul e verde (ninguém se lembrou ainda de o aquecer um pouco mais?), os gelados da
Emanha continuam a ser os melhores, os piqueniques são para continuar, na Lagoa
da Vela ou em Quiaios ou até nas Abadias e , “the last but not the least” a churrascada
no sítio do pombo verde e da língua afiada continua a ser dos melhores!!!
(Maiorca)
Sem comentários:
Enviar um comentário