sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Dois conceitos de hotel: qual o mais fresco? Qual o mais quente?



Ambos no Alentejo, Portugal. Um em Vila Viçosa, outro nas cercanias de Évora.

Ambos apostam em novos conceitos que se prendem às fontes naturais, o mármore da zona de Estremoz-Vila Viçosa e a cortiça de todo o Alentejo.

(o de cortiça: em Évora )


(o de mármore: em Estremoz)

Que o mármore é uma rocha fria ao tato e por isso muito apreciada pelos alentejanos em escadas, chão e mosaicos, já todos sabemos. No verão, claro, porque no inverno, por terras alentejanas, o frio também enregela e bem.
Já a cortiça – agora muito na moda em malas, pulseiras e outras bijuterias e até em chapéus de chuva! - tem a tripla vantagem de preservar do frio e do calor e de ser impermeável à água. A tradição bem o sabia: agora que está novamente em moda o conceito marmita, já alguém voltou ao antigo tarro alentejano? Os camponeses usavam-no, tanto para o frio como para o calor…
Os hotéis em questão foram visitados em épocas distintas: o primeiro, “Alentejo Marmoris Hotel”, em Vila Viçosa, durante a primavera do ano passado, num tempo ameno e agradável, já com um calor convidativo a piscina; o segundo , o “Ecorkhotel” , perto de Évora, no mês abrasador de setembro, com quase 30 graus que se assemelham a 40, debaixo de um sol baixo e forte que abafava a atmosfera.
“Alentejo marmoris Hotel& Spa” (***** ) é inteiramente dedicado ao mármore , paixão dos proprietários que desde sempre trabalharam na área desta rocha. Situa-se no centro da bonita e histórica vila alentejana, num antigo lagar.





 Ecorkhotel” ( ****) situa-se no meio da planície alentejana, com Évora ao fundo, e é o primeiro hotel do mundo com um revestimento de cortiça (diz a puiblicidade). Atenção, esse revestimento surge apenas no envolvimento do edifício central (que alberga receção, bar, restaurante, piscina, spa e ginásio), a restante cortiça adivinha-se e sente-se ( toca-se também ) na natureza envolvente. Este novo projeto tem ainda em conta a preocupação ambiental e apresenta uma nova forma de aproveitamento das energias alternativas, igualmente no edifício central. As suites (56) são pequenas casinhas brancas espalhadas pela beleza árida da planície, a piscina tem um toque especial: situa-se no 1º andar do edifício central, espreitando a imensidão alentejana, tocando o céu aberto e intensamente azul.






Saber qual é o mais fresco ou o mais quente (dependendo das estações do ano, ou climas sujeitos a alterações sem estações) será tarefa vossa, nós, por enquanto, continuamos a relaxar noutro conceito de hotel e cama… sobre rodas. Foi só uma pausa … para relaxar.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Do lado de cá do Douro


Prólogo

Já lá vai há algum tempo desde que falei do “lado de lá doDouro”. Aqui está o outro lado (todas as imagens e considerações se referem a agosto de 2013, mas por certo ainda se mantêm)…


Do lado de cá do Douro

Estávamos frente ao que resta da ponte Pensil, aquela que esteve entre duas: a ponte das Barcas, de 1806, uma fila de 20 barcas atadas umas às outras por cabos e a atual Ponte D. Luis, de  1886 . Da Pensil restam os dois pilares, esta foi água abaixo aquando da invasão napoleónica , quando mais de 4 mil pessoas tentaram fugir para a outra margem e acabaram por perecer nas águas do Douro. Douro, de ouro, diz o mito que nas suas águas rolava ouro. Não creio que alguém o veja, mas as alminhas da ponte ainda por lá andam e são relembradas neste lado de cá.


Deste lado da ponte Pensil está-se na baixa, não aquela que é conhecida por esse nome, onde estão as “ruas das montras” (essa baixa fica na alta), mas a baixa frente ao rio, a que as águas invadem quando o rio sobe e todos têm de o despejar a baldes. Estamos, pois, na ribeira (literalmente “perto do rio”, com o seu frenesim de vendedeiras, bares, restaurantes, esplanadas, locais e turistas, as suas estreitas ruelas e “bécos”, o cheiro a sardinha no S. João e a febras, a gritaria dos catraios que mergulham da ponte para o Douro, o S. João do Siza Vieira à espera do 13 de junho ou sei lá de que balão que o faça ver o Porto de outra perspetiva…




Lá no alto está a Sé catedral para a qual se vai sempre a subir, ou por estreitas ruelas e escadarias, ou estreitas escadarias e ruelas ou ainda pelo funicular. Nada como as escadas do Barredo para penetrar no íntimo da cidade, ou por outras que tais por aí acima ou por aí abaixo, dependendo se queremos subir ou descer.




À volta da catedral o primeiro núcleo donde tudo brotou, a catedral barroca. O seu tesouro, o claustro, o palácio episcopal, o Pelourinho e uma pequena parte da muralha medieval.








Perto da Sé encontramo-nos próximos das ruas comerciais e movimentadas, a “baixa-alta” igual a tantas outras mas por outro lado diferente, com pequenas pérolas que fazem toda a diferença, como a livraria Lello, os antigos armazéns Fernandes Mattos (agora a nova loja de “A vida portuguesa”), o bar-restaurante “Galeria de Paris” , o  Majestic, e no Bolhão, “A pérola do Bolhão” e o incontornável mercado, claro.






Olha o Bolhão

Há um cheiro a galinheiros
Alface fresca de orvalho
Deslizam já os dinheiros
Nos segredos do retalho

(…)

E logo o calão corta o ar
Desta língua sem emenda
É o motor a arrancar para mais um dia de venda
(…)
Carlos Tê, in Cimo de Vila

Para além deste, outros mercados existem no Porto, alguns renovados e perfumados, como o Ferreira Borges, agora espaço para concertos, exposições e festas e o do Bom Sucesso, transformado em espaço cultural e de gourmets vários. Aconselhamos o “melhor rissol do mundo” que pode ser degustado pacatamente, por exemplo, num piquenique ao ar livre, no Palácio de Cristal, por que não?


O Porto é pródigo em espaços verdes, que se podem aproveitar para piquenicar, atividade que não perdemos quando visitamos a “Invicta”. Desta vez bisámos:  aproveitámos a relva do Jardim da Cidade 







e as mesas de piqueniques nos jardins do Palácio de Cristal, onde os pavões nos tentam roubar as belas das iguarias. Ainda ali perto, a Biblioteca Municipal com direito a uma sopa numa tigela de Camões (ideias fantásticas de uma bibliotecária amante de sopas ??!!!).



Para quem prefira outras ementas, existe no Porto um ponto incontornável para a famosa francesinha: "Bufete Fase", na Rua Santa Catarina.


Hum!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Para digerir a terrivelmente calórica, mas suculenta francesinha, há que ir cedo, uma vez que o bar tem apenas 15 lugares sentados e é mais concorrido que a Torre dos Clérigos .
Falei da torre apenas para não esquecer outro dos ícones da cidade. Recusei-me a subir os 200 e tal degraus e pagar para tal esforço, mas há sempre alguém na família que o faz e do topo fotografa para a posteridade.




Eu, que não subi, com a minha guia portuense, decidimo-nos por uma visita a um vizinho dos Clérigos, o hostel Yes Porto, uma outra sugestão que aqui fica para quem preferir este novo conceito de viajar. Bem moderno, bem decorado e central.



Lá mais para a hora do chá, aconselhamos a zona das galerias de arte, na Rua Miguel Bombarda. De ambos ao lado da rua, montras diferentes, possibilidades diferentes e quiçá um chá fora do comum numa esplanada igualmente diferente. Se não encontrar esta, as esplanadas em quintais e jardins são uma constante no Porto, para chá ou café, mas sempre escondidinhas e com um toque artístico. Apetece copiar para os nossos quintais…





Também a música é sinónimo de Porto. A casa mais popular, a da Música, fica na Boavista e é ainda um exemplar único de arquitetura, com os seus ângulos pontiagudos, num cubo que já foi controverso.


Cansados de calcorrear (mesmo andando de metro), nada como nova pausa num outro jardim. O Botânico, por exemplo, com a exposição “Invasão da Casa Andersen”, com animais embalsamados (http://invasaodacasaandresen.up.pt/?page=jardim_botanico) ou um relaxe sem bichos pelos jardins e esplanada. O mesmo passeio poderá ocorrer pelo fresco da manhã, percorrendo a “Floresta” de Sophia, com as suas tílias, abetos, nenúfares e catos:
 “ Era uma vez uma quinta toda cercada de muros. Tinha arvoredos maravilhosos e antigos, lagos, fontes, jardins, pomares, bosques, campos e um grande parque seguido por um pinhal que avançava quase até ao mar”.






Ou podemos ficarmo-nos pela esplanada a contemplar as rosas com wi-fi grátis.


Se em vez do verde prefere o azul marinho, deste lado de cá tem ainda a linha de Matosinhos até Leça e mais ainda. Neste agosto que já passou o calor apertava, a linha estava saturada de banhistas e a tão apetecível piscina das marés tinha lotação esgotada!



Por esgotar ficaram todas as possibilidades e alternativas portuenses, deste lado de cá muito ainda ficou por ver , visitar e estar. Mais uma vez estamos em aberto para a próxima, do lado de cá ou até de lá, saltitando de um lado para o outro, por entre as 6 pontes, de carro ou de  barco…