sábado, 27 de setembro de 2014

Terras de Chianti


Ainda dia 11



Solo fértil em vinhas, nome do vinho tinto da região situada entre Florença e Siena.


Diz a lenda que os rivais produtores de vinho, fiorentinos e sienenses, decidiram pôr fim à disputa. Dois cavaleiros saíram de ambas as localidades ao “cantar do galo” e o ponto de encontro definiria o limite vinícola entre as duas cidades. Sienenses optaram por um galo jovem; fiorentinos por um galo velho, negro e escanzelado. No entanto, este acordou de madrugada e chegou cedo já perto de Siena, ganhando, portanto, Florença mais território.
Foi nesses território que estivemos, não vendo porém nem galo jovem nem galo velho.
Visitámos duas vilas dessa região de galos e vinhos: Castellina in Chianti, uma vila simpática com muitas adegas e enotecas. Na velha praça, a igreja simpática com a sua escadaria, onde não sei porquê , apetece sentar e imaginar gentes de outras eras…





A vila é ainda atravessada por uma peculiar muralha interna , na qual pequenas frestas de outrora, agora janelas, comunicam com os campos verdes de vinhedos e ciprestes da Toscana.







A acolhedora vila acolhe ainda os autocaravanistas, oferecendo-lhes uma área pública, com pagamento automático  a escassos metros do centro ( N 43, 47335   E 11, 28715)

Ainda por terras de Chianti demos um salto a Greve in Chianti, o ponto central da arte vinícola. Aí o chamamento foi mais forte e entrámos numa adega onde comprámos o dito para ser degustado ao jantar. 




No centro de Greve uma praça diferente do habitual, uma vez que foge à tradicional forma retangular, para se aproximar de um triângulo cujo vértice aponta  para a igreja de Santa Croce. No lado oposto a estátua de um explorador italiano, e a todo o redor da praça uma imensa  arcaria com muitas loggias e adegas. 






 Ao fundo da vila (N 43, 596061 E 11, 31397), na direção de Florença,  uma área pública própria para autocaravanas, grátis e tranquila onde ressonámos de pois de apaladarmos o jantar com o vinho do “galo” que nem para nos acordar soou. (Fotos da “Área di sosta”:

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Estreia: Monsaraz com 4 patas



Faltava-nos um capítulo nesta aventura do autocaravanear e eis que nos estreámos este fim   de semana. Viajar em quatro rodas a quatro, a três, a dois, às vezes a seis  ( e até a oito… ) tem sido a prática corrente. Faltava-nos, porém, incluir na casa o bichinho de 4 patas.
É frequente , ao longo destes doze anos de autocaravanear ver  famílias completas viajando com o seu animal de estimação, já vimos cães (às vezes 2 e 3 na mesma AC), gatos, periquitos e papagaios.
O aspeto positivo é que os bichos não são abandonados em férias e  sendo alguns deles parte integrante da família, vão de viagem e ponto final ( lembro-me de um alemão que viajava por Portugal apenas acompanhado do seu cão, um cão abandonado que tinha adotado). Noutros casos, o cão, por exemplo, faz inclusivamente o  seu papel de guarda da casa, ladrando lá de dentro a indesejados do lado de fora, o que pode ser uma ajuda neste meio de locomoção tão vulnerável a assaltos.
 Estes aspetos convenciam-me. O que sempre me deixou mais perplexa prende-se ao pequeno espaço onde se viaja e se vive durante aquelas semanas , meses, para ainda assim ser ocupado por um cãozarrão. Cheiros, dejetos, enfim, tudo isso que imaginais, assim eu pensava e tentava visualizar, sem grande apreço.
Ainda assim, pesando prós e contras , o membro mais jovem da família, apenas com um mês e meio e a escassos meses de ser cãozarrão, estreou-se nas lides autocaravanistas.
Saímos dois e ela, a bichinha de 4 patas, e fizemos a primeira de muitas  (espero) viagens, até ali, quase à esquina: Monsaraz. 





              Tal como com um bebé, tivemos de jogar com o tempo da viagem, pensar em possíveis enjoos, sedes e as tais necessidades fisiológicas. Tudo bem, até adormeceu no seu berço de madeira …

                Restava a adaptação ao novo lar, sobretudo a questão dos dejetos no habitáculo, especialmente durante a noite enquanto os donos possivelmente ressonariam…  Afinal (se calhar mero golpe de sorte) nada do pior aconteceu, um passeio noturno,  um outro a meio da noite e o terceiro às 8 horas matinais e tudo se resolveu com sucesso. Claro que não ressonámos de sono tranquilo como se nada de novo ali estivesse…
               Fora isso os passeios pela espantosa vila de Monsaraz realizaram-se amiúde. À noite para nos deliciarmos com a paz, silêncio e sossego. De manhã para acordar com a vista deslumbrante do grande lago mesmo ali à nossa frente como se dono dele fossemos. E depois a vila vista de dia… com mais turistas , é certo, muitos espanhóis a desassossegarem uma cadela ainda tímida e receosa de barulhos desconhecidos, mas sempre Aquela vila.














               Regalámo-nos com as pedras, o branco das paredes, o chão às pedrinhas colocadas à mão ,uma a uma… afinal uma das mais belas vilas de sempre, não só de Portugal, mas de fazer inveja a tanta vila “fleuri” em França, na Alemanha ou onde quer que seja. O silêncio, as cores, a calma alentejana são únicas no mundo.


domingo, 21 de setembro de 2014

Monteriggioni, terra de cavaleiros


Dia 11




Continuando o roteiro Ezio Auditore da Firenze…






A 15 km de San Gimignano situa-se a pequena aldeia medieval Monteriggioni. Mais uma “cidade “ murada, no seio de uma colina a olhar para os campos verdes da Toscana. As paredes da muralha formam quase um círculo, com 14 torres (muito destruídas) e duas portas, uma virada para Florença a outra na direção de Roma. Ao longo da muralha existe um passadiço restaurado e   passeio ao longo do mesmo custa 2€.

A vila é ainda ponto da rota de peregrinação desde Grã Bretanha  a Roma e prosseguindo até Constantinopla e Jerusalém. Alberga uma “pousada” para peregrinos. 






Entrando pela porta norte deparamo-nos logo com uma praça simples e graciosa - a Piazza Roma -  com algumas casas em estilo renascentista (algumas transformadas em pequenas lojas e outros estabelecimentos comerciais) e a igreja românica, igualmente simples e simpática. A suposta casa de Ezio, ao lado da muralha,  estava em ruínas… desta vez não houve telhados “apetitosos” para admirar.




Piazza Roma

A visita ao local realiza-se em menos de um par de horas tal o seu tamanho diminuto ( a praça, duas ruas e os quintais colados às muralhas). Pena termos perdido a feira medieval que se havia realizado no fim de semana anterior.




Porta sul com e sem pessoas

Lá em baixo , à entrada do lugarejo,  existe um vasto parque de estacionamento misto, onde se pode pernoitar por 6 €. Para estacionar o custo é de 2€ hora.
Depois da curta visita, almoçámos para depois prosseguirmos pela  região de  Chianti, no coração da Toscana.



sábado, 13 de setembro de 2014

San Gimignano, a cidadela das torres

Dia 10

Quantas torres?

Na Idade Média erguiam-se 72, neste momento restam 14.

Catorze torres em San Gimignano,  uma aldeia que começou por ser um pequeno povoado etrusco e que , mesmo depois de bombardeada durante 10 dias, durante a 2ª Guerra Mundial, perdura no tempo. Hoje, pela sua beleza e singularidade arquitetónica, é um eterno cenário medieval  digno de um filme histórico.


Fica na Toscana, Itália, no meio de uma paisagem de tons verdes, ondulada de vinhedos e ciprestes e sobre uma colina do vale de Elsa. É rodeada por uma muralha, aberta por cinco portas.



Torres, muralhas, chão de ladrilhos … as três notas que marcam esta visão do passado.
Um dos pontos mais altos donde se pode admirar este mar de pedra é a torre Grossa, situada na Piazza del Duomo.  Lá do alto até ´”os telhados são apetitosos “ (isto no ponto de vista de um jogador de “Assassin´s Creed”).





Está-se bem na  escadaria da Duomo, apesar de repleta de turistas de todo o mundo que se deliciam com o que veem e com os gelados (chegam aos magotes românticos namorados, pais e filhos, excursões psicadélicas de asiáticos, resmas de cabeças e mãos com go pros). Mais uma lambidela de gelado, mais uma foto, só da catedral conseguem-se abarcar 7 torres.



Na praça ao lado , destaca-se ao centro  uma cisterna, a qual dá o nome à praça . No chão um pavimento de ladrilhos em forma de espiga.



Na mesma praça uma fila ordenada de turistas vai deslizando suavemente. Será um palacete, mais uma torre visitável, uma igreja? Mas não, a fila ruma em direção ao palato: em frente a gelataria Dondoli, premiada em 2006/7 e 2008/9 com o prémio “ Gelato World Champion”. Daí o motivo de  tantos gelados na praça ao lado…



Sorrimos, entramos, voltamos a contemplar a Duomo e as 7 torres, a beleza dos candeeiros… sentados… como os outros.








Apetece estar, apetece ficar.



Onde ficar com uma autocaravana? À volta da vila o estacionamento não é fácil, apesar dos vários parques de estacionamento em volta da muralha. São pagos, caros,  e uma AC  vale sempre por dois. O melhor é desistir de dar voltas e aparcar de imediato, assim que se chega à vila, no parque para AC – Santa Chiara (N 43.45555  E11.034700) - apesar de caro (21 €, mas com direito a navette gratuita até à entrada da muralha e net).
O parque tem ainda vários churrascos, w.c. e restaurante. (imagens: