Dia 13
Pensava eu, induzida pelo casal
português que encontrámos em Florença, que Ferrara teria algo a ver com os
Ferrari, mas afinal não. A fábrica dos Ferrrari é em Modena e Ferrara é a
capital europeia da bicicleta, pelo menos assim se apelidava e afigurava.
De facto, percorrendo a cidade
velha, o veículo de duas rodas imperava, conduzido por gente de todas as
idades, creio que especialmente a 3ª. Fantástico!
Esta velhinha quando subiu para a bicicleta rejuvenesceu no mínimo 15 anos!
Era uma manhã ensolarada mas suave e toda a gente fazia as suas compras matinais … de bicicleta.
O
primeiro passo foi dirigirmo-nos à Duomo, monumento do séc. XII, em estilo
românico-gótico, com uma fachada bem
sugestiva.
De
frente para a Duomo , o Palazzo Comunale e a praça que o envolve.
Para a direita outro palácio, mais
concretamente o grande Castelo Estense (da família que dominou Ferrara durante
a Renascença) .
Este icónico castelo mantém ainda o seu fosso e pontes
levadiças e fica, curiosamente, mesmo no centro plano da cidade. Em Ferrara os
palácios e palacetes impõem-se , daí ser também denominada de capital cultural
do Renascimento, porém não tínhamos tempo para os visitar a todos, além de que
a visão de tanta vida e energia quer a pé mas sobretudo nas duas rodas, nos deixou
pregados ao chão a contemplar , a admirar e a fotografar.
Perto da catedral chamou-nos
ainda a atenção um triângulo de ruas que formou o antigo ghetto judaico, comunidade importante na cidade durante o reinado
dos Este. No Renascimento muitos judeus espanhóis e portugueses aqui procuraram
refúgio, sob a proteção dos Este. A
sinagoga lá está ainda.
A s ruas medievais são no entanto
o mais marcante de Ferrara. Desertas, silenciosas, têm um colorido especial,
quer pelo silêncio e paz que delas emana, quer pelo peso visual das suas
fachadas de terracota avermelhada e do pavimento irregular. Deixámo-nos
embalar, fingindo que podíamos ser locais… entrámos na pastelaria e padaria mais
concorrida e fizemos como eles, comprámos uns gressinos de oliva deliciosos para
o aperitivo. Geniais…
Ferrara valia certamente uma
visita mais prolongada, mas aquele intervalo entre turistas e nativos revigorou-nos
para continuar.
Para pernoitar a cidade oferece
ainda uma área de serviço para AC, uma noite custa 6 €, no entanto, quando lá
chegámos , perto da meia noite ficámos no grande terreiro e parque de
estacionamento misto onde muitas outras já dormiam. A área estava vazia, serviu
para os despejos e higienes.
Estava na hora de prosseguirmos viagem
até Veneza, o próximo ponto de paragem ou não… O quarto elemento da família juntar-se-ia ao trio para a segunda parte da
viagem e o ponto e dia de encontro permanecia no segredo dos deuses.. . Veneza,
Croácia?
Tínhamos portanto de ir indo e
esperar.
Já perto de Mestre o canal começa a dar a sua graça...
Já
estávamos em Mestre, no parque San Giuliano para apenas aguardar o novo viajante sem saber se
visitaríamos Veneza ou se prosseguiríamos, quando tudo se resolveu via telemóvel
e net. É realmente fantástico como
este novo mundo tecnológico resolve tudo mais depressa do que as indecisões das
pessoas.
Teríamos
pois de esperar em Veneza e visitá-la no dia seguinte, coisa que é sempre um sacrifício
(ironia , claro).
Não
valia a pena sair do parque e ir a Veneza porque a ida e volta de barco custava 15€ pessoa, sendo que o último
barco regressava cedo, às 19 horas. Assim, optámos por descansar, passear pela
zona de lazer do parque e , como o mundo é pequeno , voltámos a encontrar o
casal português de Florença.
A
surpresa maior foi à noite : pudemos assistir ali, na área de lazer, a uma revisitação dos Beatles , com a banda “Mistery
Magic Orquestra”. Revelou-se um espetáculo estrondoso , os Beatles ressuscitados
no tempo com novos visuais e barriguinhas cinquentonas. Uma noite inesperada e inesquecível.
E
dormiu-se gratuitamente, a área propriamente dita está em construção, uns
metros mais à frente.
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