10 , 11 e 12 de agosto
Chegámos finalmente ao ponto mais
a sul do país e ao ponto mais longínquo da nossa viagem.
Dubrovnik (em italiano, Ragusa) é
tudo o que dizem, sobretudo quando a apelidam de “pérola”. Uma pérola que todos
olham e ficam fascinados, atónitos, extasiados, escandalizados com tanta
beleza.
Seja para a direita, seja para a
esquerda fica-se tonto de tudo querer abarcar com a vista e com as mãos, porque
não há uma pedra feia. Compará-la com quem? Ocorreu-me que poderia exceder a
beleza de Veneza que continuo a apelidar de a cidade mais bela do mundo dentro
do meu reduzido leque de visitas (sendo que ambas foram rivais nos seus anos
áureos), mas depois percebi que cada uma ocupa um lugar cimeiro numa prateleira
especial, cada uma no seu género, comparações neste caso são ridículas, apesar
desta última repetir pormenores e estilos que Veneza também tem.
Como este relógio, o City Bell
Tower ….. irmanado com o da praça de S. Marcos em Veneza... mas em menor
escala.
Como estes palácios e maravilhosas praças…
Mas, se em Veneza há pontes e
escadas por cima de canais e mais canais, aqui as escadas levam ao monte S.
Sérgio, porque a parte velha de Dubrovnik se estende a pique até ao porto ou até ao mar, ladeada por terras altas e rodeada por uma
extensa e magnífica muralha que, infelizmente, se faz pagar bem ( 100 kunas por
pessoa). A muralha, com 2 quilómetros de percurso , é penetrável através
de várias portas. Na entrada Porta de
Pile, uma lápide explica que a cidade foi bombardeada em 1991 durante a fragmentação
jugoslava e mostra os pontos onde as
paredes sofreram com a implosão das granadas e balas. Nos telhados (a melhor
visão é obviamente do cimo das muralhas) são visíveis os sítios atingidos,
porque as telhas de terracota mais claras denunciam os alvos atingidos.
A rua principal – Placa – com 300 metros, divide a cidade
velha ao meio. O seu brilho , o sol a bater no branco de calcário polido pelos
séculos, é outra visão que faz desta cidade a tal pérola…
À noite... quase sem espaço para caminhar
Do lado esquerdo de quem vem da porta de Pile, as
ruas íngremes e as casa típicas monte acima. Perdermo-nos por elas, ou a subir
ou a descer, é uma sensação especial. As ruas , ruelas, casas e janelas, os recantos repletos de bares , lojas e
restaurantes são uma tentação… Também é suculento deixarmo-nos atingir pelos cheiros
que emanam das dezenas de restaurantes. Os preços são infelizmente caros e as
especialidades não chegam aos calcanhares da cuisine portuguesa.
À entrada da porta de Pile , a
fonte de Onofrio, sistema de abastecimento de água da cidade, é hoje ponto de
encontro e de relaxe. (Quantas vezes me sentei lá a admirar quem passava e a
beber da refrescante fonte?)
Porta de Pile
Fonte de Onofrio
Ao fundo da Placa, a estátua de
Orlando e muitas e muitas igrejas e palácios de estilos diversos, de beleza
estonteante.
Depois da porta Ploce, o porto
com as suas esplanadas e águas azuis repletas de cruzeiros e pessoas de ar
extasiado.
Parece que demorámos muito a ali
chegar (a sério???!!!) e parece estarmos num mundo à parte, longe de tudo. Sim,
Dubrovnik é mesmo longe de tudo, especialmente se esse "tudo" for Portugal. Sim, e
demorámos muito a lá chegar, mesmo dentro da Croácia demora-se . Só que a
viagem não é só espacial, a distância a percorrer afigura-se também temporal,
como se tivéssemos sido transportados por uma bolha ou cápsula e caído noutro
tempo. O tempo parado de pedras que falam, de mistérios sei lá de onde e de
quando, percebe-se por que razão a Guerra dos Tronos foi ali filmado…
Até os gatos esfíngicos percebem
que estão num mundo paralelo…
Para além da história de cada
pedra, o cenário paisagístico e natural é também outro. Entalada entre duas
rochas e com uma entrada de outros tempos, descobrimos uma pequena e concorrida
praia que, para os jovens amantes de pólo cá de casa, se revelou outra pérola
do Adriático… só porque tinha balizas …
Porta para a praia
Mais à frente, na praia maior,
havia inclusivamente um torneio de pólo. E, como o sui generis campo de jogos não se fechava entre as quatro paredes
de uma piscina, nada como barcos para dar guarida aos árbitros e nada como uma
plateia de adeptos não em bancadas, mas claro, noutros barcos. E, para
finalizar, a festa fez-se com foguetes lançados… ao mar.
Para fechar com chave de ouro, os
rapazes tiveram ainda tempo para procurar a piscina oficial da equipa de Dubrovnik
e encontrar os troféus e as medalhas dos grandes nomes de pólo aquático croata,
apesar de numa piscina… vazia.
Eles é que não vieram de mãos a abanar,
umas toucas para relembrar a Croácia e na cabeça memórias de uma cidade única,
transcendente, luminosa.
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