Há locais aos quais vamos porque
a sua História é rica e imensa, outros porque a paisagem envolvente é
deslumbrante, outros porque amigos esperam por nós, outros… porque as
contingências não nos dão escolhas apesar de já sabermos que nem a beleza nem a
riqueza são o seu forte.
De Vila Franca de Xira apenas me
lembrava da linha de caminho de ferro e tenuamente das palavras de Almeida
Garrett em Viagens na minha terra. Fui reler agora ; palavras sobre a
Restauração e , claro, a vilafrancada. Em Vila Franca , relacionado com história
e política, vi apenas uma placa anunciando que foi a primeira vila a proclamar
a República.
Confirmei que a linha de comboios continua a ser é o seu ponto forte, em qualquer lado onde se esteja o som dos comboios faz-se anunciar. Não vale portanto a pena pensar em dormir numa autocaravana nos locais possíveis, ao lado da praça de touros, por exemplo, passa o comboio, mais à frente perto do cais o mesmo som e em Alhandra , perto da praia dos pescadores, novamente a linha. Quando não é a linha é a estrada de paralelos por onde circulam carros.
Melhor sítio para dormir, creio
que fizemos a escolha certa, é o parque de campismo municipal. Inserido num
parque verde onde também ficam as piscinas (afinal o nosso destino), revelou-se
a opção certa. Pena que logo depois da
relva o intitulado parque de campismo tenha um solo menos viçoso e
anuncie um ar pouco cuidado e já
ultrapassado, de imediato espelhado pelas caravanas residentes cobertas de
ferrugem, plásticos e jardins degradados de madeira.
Ficamos logo a desejar
sair dali, mas perante a hipótese de ouvir o piar dos pássaros ao invés dos
silvos dos comboios, aceitam-se os factos. Apesar da pouca beleza, foram, ainda
assim, duas noites bem dormidas.
Decididos a explorar a vila que afinal é cidade , deparou-se-nos afinal um simpático cais com animação e um caminho pedonal à beira rio até à povoação de Alhandra que aproveitámos na totalidade.
Cais da Jorna
Um novo marco reluzente e
extremamente apelativo é a recém inaugurada biblioteca, com o sugestivo nome de
“Fábrica das Palavras”. Um bloco gigante de cimento virado para o rio, de seis
andares, e com olhos grandes a ver as águas. Quem está lá dentro é banhado de
luz, não só pelas palavras dos livros , revistas ou da informática ,mas ainda
pela brilhante cor do rio a espelhar o céu.
Houve quem adorasse o passeio à beira rio
No centro da vila, alguns
recantos com um ar simpático no que toca à restauração , nomeadamente algumas “tertúlias”,
apesar de não podermos confirmar porque
não exercitámos o paladar.
Como veem, vale sempre a pena entrar
e explorar, a Vila que pensámos ter pouco para oferecer , não fossem as
contingências que nos lá levaram, acabou por satisfazer.