sábado, 22 de agosto de 2015

V – de viajar e de Vitória

Dia 1

26 de julho

Não pensem que viajar de casa às costas é atestar a autocaravana de gasóleo e ala que se faz tarde. Não. Viajar com a casa às costas implica muita arrumação e planeamento primeiro. Mesmo quando se trata de estrear internacionalmente uma autocaravana nova, antes de partir foram dias de bricolage para pôr o porão funcional: espaço para as bicicletas, estantes para mercearia e artigos de praia ou outros … sapatos… não esquecer as capas da chuva e guarda-chuva, leite, cerveja, estojo de primeiros-socorros, a comida da cadela, papel higiénico, mapas, GPS funcional, etc e tal , sem esquecer alguma comida já confecionada para os primeiros dias que são sempre de esticão a comer quilómetros e a barriga não se alimenta de alcatrão.
Depois nem tudo são alegrias e fotos com paisagens de sonho. Andar na estrada é um risco e há sempre aquele receio de que tudo poderá,em segundos,  correr mal: do mais simples e comum, como o pneu que se fura ou rebenta, à janela que voa ou se parte, à pedra que voa e racha o vidro do cockpit, ao roubo, ao  choque com um camião… a lista não é mera ficção, todos estes episódios já nos sucederam e não apetece repeti-los , muito menos quando se trata de uma casa nova.
Apesar da lista negra, adianto já que desta vez nada de mal sucedeu, em mais de 4.000 mil quilómetros a Beni portou-se bem, a capa da chuva foi usada menos vezes do que esperávamos, a roupa de verão teve de lavar-se à mão várias vezes porque desta vez o calor apertou. Espantai-vos porque a França e a Alemanha chegaram aos 39º neste mês de Agosto…
Mas, antes de chegar tão longe, várias paragens .  A primeira no País Basco espanhol como não podia deixar de ser. Vitória, a verde Vitória, foi o destino escolhido para 1ª etapa de descanso. Às 19 horas chegávamos, depois de 12 horas de viagem e 810 km no papo.
Bom tempo, uma suave brisa e uma ida a pé até ao “casco antigo”, que o corpo já doía de tanto tempo sentado. Da simpática área de serviço até ao centro (N 42º 51' 57''  W 2º 41' 7´´) são mais de 2 kms, nada que uns ténis e energia não resolvam.







Energia é o que se sente em Vitória, uma energia positiva que emana do verde dos espaços, desde a da relva pisada pelo metro de superfície à vivacidade das pessoas que vivem a cidade. Sol, água, verde, gente a correr, a andar, a passear o cão, o bebé, sozinhos, acompanhados geralmente, a melodia alegre do castelhano, o gelado e as canhas  nas esplanadas, as esplanadas a transbordar de gente, as ruas alegres.
Falei-vos disto em 2012, três anos depois a sensação mantém-se.


De Vitória para noroeste outras sensações se formariam, algumas repetindo paisagens e locais, outras inaugurando caminhos , rotas e lugares. Este foi só o primeiro de 26 dias.