quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Fizemos as pazes com a Alemanha

5 de agosto



Se Triberg, pela calada da noite, parecia deserta, o mesmo não sucedia de manhã. Dir-se-ia termos acordado noutro local. 



Que arrumação fantástica. Também quero para a minha casa...


Ali, em pleno parque de autocarros, começa cedo o desembarque de passageiros para a maior atração da vila: as sete cascatas ou “Wasserfall”, consideradas as maiores cascatas da Alemanha.
O bilhete familiar compra-se à entrada e lá dentro percorrem-se trilhos diferentes, sempre à volta, mais perto ou mais afastados, da queda do rio  Gutach, que vai caindo ao longo de 160 metros,  pela encosta, até à vila. 




Um som agradável no meio do denso verde que começou fresco no início da manhã e foi aquecendo ao longo da mesma. Volta e meia um esquilo, mais árvores , muitas, e lá ao longe o som dos mergulhos e gritos entusiastas de crianças que se banhavam na piscina municipal.
À saída de Triberg demos de caras com “o maior relógio de cuco do mundo”, com mais de 150 metros de altura e  com um cuco consideravelmente grande que tivemos o azar de perder nas doze badaladas,  para às 13 horas o vermos pôr a cabecinha de fora por uma única vez!!!



Com o calor já a apertar, em boa hora chegámos à mais bonita das vilas da Floresta Negra; Schiltach, uma localidade de 4100 habitantes, onde há 2000 anos atrás os romanos também chegaram deixando o testemunho de uma ponte. Na vila confluem dois rios, o Schiltach e o Kinzig. 
Possui um espaço para AC N 48 ° 17'27 ", E 8 ° 20'38" ) , um parque misto com um sistema precário de luz e água, tudo grátis, mas com cenário envolvente fabuloso: relva, rio e casinhas tradicionais a mirarem o rio.






Banho das crianças locais ao fim do dia

A Rasthaus e Turismo situam-se na Praça do Mercado, o coração da vila, um largo triangular e inclinado de onde as vistas são encantadoras, o mais caraterístico mesmo é a arquitetura e a  pintura do edifício.








 A zona mais baixa da vila é atravessada pelo rio onde a água saltita por entre pedras e por onde a nossa cadelita, mais uma vez, se deliciou. Bem levámos os fatos de banho, mas a altura do rio dava pelos tornozelos e ela foi a única a gritar de alegria e de prazer revigorado pelo fresco, num dia que se tornou novamente abrasador.





Fustigados pelo calor, digestão feita, não aguentámos mais  e procurámos a piscina municipal. Sua excelência canina ficaria fechada pela primeira vez,  sozinha,  na AC.
A piscina municipal (8€ bilhete familiar) , com uma vista de 360 º pelo verde de uma Floresta que é tudo menos negra, é um daqueles locais que fica na memória para sempre. Agora, se quero um momento zen, fecho os olhos e relembro aquelas horitas, na minha cabeça está mais ao menos isto:



À noite, um giro pela vila já com outra vontade, para descobrir a zona dos tanoeiros. A indústria dos tanoeiros sempre foi tradição desta vila e ainda continua a sê-lo. Ao lado corre o rio (qual dos dois?), faz uma curva e alegra um cantinho de um bairro deliciosamente pacato. Aliás, às nove da noite onde estavam as pessoas?

Fizemos as pazes com a Alemanha.

sábado, 19 de dezembro de 2015

4 de agosto, uma noite já próxima do Natal



Falei demasiado cedo. Ainda ontem o calor apertava e, hoje, que nos dirigíamos até às águas mansas de um lago, na expetativa de um mergulho, o céu cobriu-se de cinzento.
Já em território pertencente à Floresta Negra ( nome  que evoca as suas densas sombras de árvores cosidas entre si e a suas inúmeras lendas) , o grande lago intitula-se Titisee, ou Titi,  uma vez que “see” significa lago.  







À sua volta ergue-se um complexo turístico, com lojas de souvenirs para “inglês ver”, ditado mal aplicado porque imperavam os asiáticos, mais do que propriamente uma vila caraterística. A paisagem natural impõe-se, é verdade, o resto tem um ar artificial e de plástico, assim do género postais de neve e casinhas da Lego.
E afinal não me pareceu que o lago fosse dedicado a banhos, mesmo com sol, que não era o caso, não vi zona que se parecesse com praia. Muitas excursões em pequenas e grandes embarcações, muitas filas de asiáticos na procura do filão comercial, mormente relógios de marca, de cuco, evidentemente, (afinal é o reino deles),  e outras bugigangas de muitos euros.


Estacionámos num parque de autocarros que recebe AC. (N 47º 54´15´´ E 8º 09´23´´).
A tarde foi consagrada, por alguns, ao grande complexo de piscinas, Badeparadies Schwarwald, com   18 slides e um piscina de ondas, pela módica quantia de 15 € por pessoa. Está-se mesmo a ver quem ficou em casa e quem escorregou alegremente…
Dormir ao lado da grande piscina seria impensável, pelo que continuámos até Triberg. Chegada tardia ao local destinado a AC, com capacidade “esgotada”. Aliás, o local registado nos sites dedicados ao assunto era uma garagem onde havia dois lugares destinados para o efeito.N 48,13166, E 8,22877 ).  Talvez fosse um bom teto para quando a neve cai e o frio aperta, ali, engaiolados, não nos suscitou inspiração; o outro, a uns metros mais acima na mesma rua, era um parque de estacionamento misto num terreno algo íngreme. Conseguimos estacionar no parque de autocarros com dois lugares marcados pela sinalética para AC (“nur AC”), já lá estavam uns italianos ( N  48,13020, E 8,22881 "  ), gratuito.



Cobertos pelo manto escuro da noite, demos uma voltinha à vila (ela é pequena, só havia portanto a possibilidade do diminutivo). Na altura ocorreu-me que o Natal estaria para breve, não porque o frio estalasse, mas porque as luzes, os telhados, o arvoredo envolvente assim o sugeriam. 




Deitámo-nos cedo a sonhar com o pai natal , que chegaria ao toque de centenas de relógios de cuco.