segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Galiza: 3 em um!

Depois do Minho e antes de chegar às Astúrias … a Galiza.

A entrada na Galiza fez-se pacificamente, afinal era tudo norte, tudo galegos, tudo amigos e hermanos, nas paisagens e na língua (quase).
Em vez de Vigo ( só de passagem) ou Santiago (apesar de todos os caminhos irem lá dar…) decidimos encurtar caminho: Ourense, Lugo , costa da Galiza, apontando para a magnífica Praia das Catedrais.

Não seria propriamente Ourense, mas um destino que veio ao nosso encontro virtualmente, depois de acasos visualizados em redes sociais . O destino situa-se nos arredores de Ourense e é um misto de calor com água, significando isso que, no Verão, será uma mistura sempre igual a calor. Enigma ? Refiro-me a um complexo termal com uma estação Zen /termal(paga) e umas piscinas ao ar livre, grátis,  com águas cujas temperaturas atingem os 40 graus e uma temperatura ambiente a rondar os trinta e tal, ou seja, VERÃO! É claro que só o soube na pele depois de lá chegar, apesar de sempre ter ouvido e imaginado que o ideal seria ir lá no Inverno.

Chegados ao sítio, desculpem caros leitores, ainda não revelei o ponto geográfico, chegados ao parque de estacionamento das termas de Outariz (N  42º 20´ 54´´  W 7º 54´45´´ ), com vários carros e 2 ou 3 AC, voltámos a acionar a ventoinha de 12 W, enquanto saboreávamos um bacalhau à brás português.
Ainda antes da digestão feita já caminhávamos curiosos, debaixo de intenso sol e calor ( o caminho é pedestre e atravessar a ponte pedonal que atravessa o Rio Minho é escaldante), para perceber o meio termal envolvente. 






São dois núcleos de piscinas com relva e balneários, ao lado do rio, com dois funcionários que vão tirando a temperatura às águas e muita gente a escaldar o corpo e a deslizar calmamente nos grandes “bidés”, para acabarem sentados qual SPA de hotel (qualquer esforço de maior monta pode originar quebras de tensão, desmaios, enfim, esses colapsos corporais). A temperatura ia variando de piscina (bidé) para piscina, chegando aos 40 numa delas que nos fez arrepiar caminho e desejar tão somente a sombra da relva. Experimentámos ainda o chamado “quente-frio” alternando piscina com rio. Confirmou-se que o ideal para tais extremos (das termas, não do rio, porque esse era mesmo frio!) seria o Inverno.

Torrados de calor , desistimos de esperar pela noite e voltámos à estrada para nos estrearmos em Lugo. A estrada até lá deixa muito a desejar, quase duas horas em curvas e mau piso, até uma cidade que parecia meio deserta, mas com ASA num largo e misto parque de estacionamento, carregado delas (N 43º 0´18´´ W 7º 33´46´´), grátis, as comodidades do costume e uma vista soberba, já que se situa num terreiro a mirar as encostas, o rio e  a ponte romana. 





Estranhamente, porém, a Lugo antiga não se construiu na margem do rio mas num outeiro, reforçada por uma forte muralha romana de 2 kms (classificada pela Unesco como Património da Humanidade) a qual rodeia o pequeno e antigo “casco”. Fomos lá no dia seguinte, fica a uns fáceis 15 minutos a pé da ASA, apesar de ser sempre a subir (corta-se caminho por um jardim e escadas). Chovia como se o OUTONO tivesse chegado.




muito xisto



Muralha

A muralha de granito e de lajes de lousa é de facto digna de registo, pode ser alegremente percorrida a pé, quase por cima dos telhados de xisto das casas, como se fossemos equilibristas de circo. Muitas destas encontram-se terrivelmente degradadas, à espera de melhores dias. Enfiámo-nos ao acaso pela Rua do Miño para dar de caras com a degradação das casas e de costumes, pois na zona, e em plena manhã, várias senhoras de largo porte “ofereciam” o corpo a quem passava. Um pouco mais acima o posto de turismo e o centro com o seu “Ayuntamiento”!






os famosos balcões tão típicos da Galiza




arco da catedral



De realçar ainda a sui generis catedral, mescla de vários estilos, no que toca ao seu interior, aí distingue-se o coro circular e as suas inúmeras  capelinhas, com particular destaque para a capela da Virgem dos Olhos Grandes, patrona da cidade.






Nada mais havendo a registar, apesar de o Outono se ter transformado em PRIMAVERA, rumámos à procura das praias, no caso uma com direito a monumento e , por isso mesmo, ela própria um monumento: a praia das Catedrais, assim conhecida por as suas rochas formarem grutas e arcos como numa catedral gótica.







Infelizmente, quando lá chegámos o nevoeiro (e uma chuvita) de OUTONO mal nos deixava distinguir os contornos da paisagem e a maré cheia não permitia o acesso às capelas. Felizmente já as conhecíamos doutras andanças e pudemos imaginar o que estava oculto pelas águas frenéticas. Frente à praia e a uns metros situam-se campings e parques de estacionamento onde é possível estacionar e pernoitar, mas ainda era cedo e apetecia-nos iniciar a meta traçada: Astúrias, já ali. Depois de Ribadeo, numa linha invisível mas concretizada pela ria, desenha-se a fronteira entre a Galiza e as Astúrias. Num pulo já lá estávamos e iríamos iniciar o nosso périplo por uma das mais bonitas praias asturianas; Tapia de Casariego, onde já havíamos sido “muito felizes” na “Casinha” anterior . Decidimos bisar a sorte.

Enquanto as palavras atuais não chegam lá , deliciem-se com momentos mais recuados.

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