terça-feira, 25 de abril de 2017

Aracena, quantas maravilhas?




Ponto de passagem muitas vezes, desta, ponto de paragem.

Fica na província de Huelva, Andalucia, a uma hora e trinta de casa ( a minha, pois então!); por isso, é um passeio  que posso apelidar de “perto e bom caminho”.

Inserida na Sierra de Aracena y Picos de Aroche, Aracena encanta pela sua luminosidade branca, pela sua quietude e um por um conjunto considerável de detalhes arquitetónicos e artísticos.





Logo à partida, as suas ruas e praças sossegadas (como a Poeta Fermir Requena ou a del Marquês de Aracena, onde se situa o Casino Arias Montano, de singular fachada, ou também a Praça do “Ayuntamiento” – edifício regionalista andaluz); 




as suas igrejas e capelas, como a del Carmen (na Páscoa, que era o caso, deu para espreitar os famosos andores de toneladas, antes da procissão da tarde) ou o convento das Carmelitas, ou a Igreja de la Asunción; no topo do monte o castelo e a sua larga fortaleza…


Sendo Páscoa, o fervor religioso não se notava apenas nos ferros das janelas adornados de cetins e colchas vermelhas, transpirava,evidentemente, nas procissões. Como era Domingo de Ramos , pelas 18 horas, não houve como contornar a “Burriquita”, a celebrar a entrada de Cristo em Jerusalém, seguido de sua mãe, 40 “costeiros” para transportarem o filho, 35 para a mãe (!).







Aliado ao fervor religioso, destaca-se o a indumentária domingueira dos fiéis acompanhantes (logo de tenra idade) e observadores, mesmo que as pipas e a conversa continuem enchendo praças e ruas.


Porém, procissões ao largo, Aracena tem outras atrações de todo o ano. A primeira é puramente geológica e consequentemente turística: a famosa Gruta de las Maravilhas, caverna de estalactites e estalagmites, de salões e até lagos, visitável logo ali no centro da vila, é só comprar o ingressso e descer até às profundezas. Lamento não o ter feito só porque agora passo a publicidade sem fotografias dignas de registo. As profundezas têm o condão de não me atrair.

A segunda atração prende-se ao palato: um sabor fino e delicado, à venda em várias lojas e no Museu do dito cujo: o Jámon doce, suave e de preço nobre. Esse provei-o e não vos posso com ele presentear… Egoísmos de quem viaja com um porão composto por mota, cadeiras e sapatos velhos.

Para quem gosta, como eu , de espreitar portas e janelas, ruas e ruelas, a atração maior é o Museu de Arte ao ar livre com estátuas que vão dialogando com o espaço e com as pessoas. Este é um presente que vos posso oferecer:





Singular e fotogénico (em tempos certamente sonoro e cheiroso) , destaco ainda o Lavadeiro Público no coração da Praça de S. Pedro.




Para as autocaravanas existem dois locais pacatos onde estacionar e pernoitar: um ao lado do Pavilhão ferial ( N 37º 53´21´´  W 6º 34´ 12``) , com terreno ligeiramente inclinado, e um segundo espaço, a poucos metros , mais plano, onde os autocarros estacionam. Lá “habitámos” e ressonámos durante duas noites. Sem local de despejo e sem água, mas para início de viagem, devidamente abastecidos, revelou-se pacífico.