domingo, 24 de setembro de 2017

Galiza – Santiago, Corpo de Deus ?



Se as rias são a mão de Deus, que dizer de Santiago de Compostela?

Aqui está sepultado o corpo do Santo trazido desde a Terra santa pelos seus discípulos. O barco onde vinha terá sido, diz a lenda, atracado numa pedra, o padrão que deu o nome à povoação Padrón.



O seu corpo foi enterrado em Íria Flavia ( atualmente perto de Padrón) , em segredo, num bosque, e terá sido descoberto mais tarde. Tudo envolto em mistério, incertezas, versões múltiplas, lendas, crenças… o que é certo é que desde a Idade Média até aos dias de hoje o caminho de Santiago vai até à catedral de Compostela onde dizem estar a arca com os restos mortais do Santo, discípulo de Jesus. 



Obradoiro

Vê-la não é fácil, há que ter paciência e sofrer uma fila de cabeça ao sol, o que vale são as animações frequentes na Praça das Platerias , mesmo ali ao lado.




Santiago de Compostela , símbolo cristão a seguir a Roma e a Jerusalém, é um mundo não só de crenças e simbologia, como a concha (a concha da vieira como prova de que o peregrino teria cumprido  a sua promessa de peregrinação, ou a lenda do homem salvo pelo santo que veio à tona de água com o corpo forrado por conchas); 



Catedral - orgão

é um mundo de fé – a sensação de quem acredita e ali chega ao fim de muitos quilómetros é notória na felicidade de muitos rostos e no cansaço percorrido; 







e é também um mundo de arte, não só física mas uma arte que se sente e emana das suas ruas, das suas mil e uma igrejas, 



Igreja das Almas, particularmente soberba no seu interior " 3D"

dos seus mil e um palácios de rendas,



 da sua própria energia, nos seus eventos culturais, na sua gastronomia , no seu mercado e pescados (HUM!!!!- ostras !!!),




 na sua graciosidade.








Santiago de Compostela é A cidade da Galiza, uma das cidades de Espanha, desta nossa  Península que ainda continua agarrada à Europa, que me encanta!

Para pernoita com segurança: um largo parque exclusivo para AC e autocarros, sobre um chão de alcatrão e debaixo de um imenso céu, infelizmente sem uma única sombra ( N 42º 53’ 40.19 W 8º 31´56.09). Tem os serviços básicos e vigilância, 12 € noite, a 1.500 m do centro, com serviço de autocarro para os mais preguiçosos.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

“Mikki´s place” – um lugar com arte





Às vezes, comigo sucede várias vezes ao dia, apetece fazer como nos filmes: largar tudo e abraçar o tal sonho que nada tem a ver com a rotina profissional caquética de todos os dias. Apesar de a taça estar cheia, falta-me o tal golpe de asa e a sorte cor-de-rosa dos protagonistas dos filmes.

Desconheço se no “Mikki´s place” foi largar tudo na Bélgica ou na Holanda e vir a correr  comprar um terreno em  Portugal, para concretizar o tal sonho. Desconfio que para a belga  e o holandês de “Mikki´s Place to stay”, em Areias de Pêra, Algarve, a odisseia de todos os dias não está a ser um idílio cor-de-rosa, a avaliar pelas burocracias de PDM e outras siglas feias que têm de enfrentar exaustivamente, no entanto, para quem usufrui do seu “sítio”, o parque de autocaravanas em Areia de Pêra, é viver, definitivamente, no sonho por mim sonhado. Não lhe chamaria cor-de-rosa, mas multicolor, com o magenta das buganvílias, o verde das flores e plantas e os tons variados das peças de olaria que povoam cada canto, mesmo nos pontos mais inesperados.


Elogiava eu aqui, há uns anos atrás, também situado no Algarve, o parque para autocaravanas Motorhome Park, da Falésia, classificando-o como um exemplo a seguir. Mantenho a minha palavra, mas este outro que só agora descobrimos, apesar de existir  há pelo menos três anos, é em tudo mais do que um parque de autocaravanas: é a “casa”; por um lado, a casa de quem o criou, por outro a casa de quem lá mora e de quem por lá passa. E como em qualquer casa, a alma do seu criador está lá, acrescida ainda do seu toque artístico, porque Mikki, a proprietária, é acima de tudo uma artista, pintora e artesã de potes, vasos e figuras fantásticas.






A casa com alma de que falo fica a 5 minutos do Zoomarine e a poucos quilómetros da praia. Ah, pois, ali o mar não entra, mas podemos ficar estarrecidos a olhar para a piscina e nela mergulhar vezes sem conta, rodeados de juncos, palmeiras e outros verdes que tais, com camas a pedirem que relaxemos. 








A piscina lembra um pequeno lago biológico, porém,  sem rãs, sapos ou outros seres saltitões. Os únicos seres que por ali espreitam parecem esboçar beijos e têm a faculdade de nos fazer sorrir.


A estufa gigante que serve de restaurante/bar/ receção é também (parece que vai deixar de o ser) ateliê de olaria e se, vista de fora, parece precisamente isso, uma estufa de madeira e plástico, lá por dentro revela-se quase um pavilhão chinês, com sofás e mesas artisticamente improvisadas, portas que são paredes e  balcão de bar, plásticos que são vitrais, caixas que são prateleiras com olaria risonha e até livros para consumir com o café, a cerveja ou as refeições que são servidas três dias por semana (ao sábado, a pizza a sair de um forno de antigamente.)








Ah! E como se não bastasse o festival de cores e objetos, o pavilhão tem a ainda a animação galharda e sonora de pássaros coloridos, entre eles um vistoso papagaio que volta e meia chama pelo seu dono : “Arno, Arno!!!”.


 Onde ficam as autocaravanas no meio de tantas formas, cores e sons? No meio de 2 hectares existe espaço à vontade para oitenta parcelas, cada uma delas com relvado sintético (que toque mais precioso para fugir ao peso da brita!) e ladeada de flores. O lugar 11 foi o nosso, com vista para a piscina , mas há outros mais afastados do chapinhar das águas , alguns em recantos próximos de outros cenários. 






Na realidade, cenários não faltam e sempre a mudar para que a vista não seja rotineira: a zona privada onde o casal habita numa casinha de madeira e jardim japonês, a “quinta” das galinhas e galos, o jardim aromático, a horta com gojis, um centro de reciclagem e, em construção, um jardim com cascata e ainda espaço para receber casinhas de madeira. Inesperadamente, nos sítios mais escondidos ou noutros em destaque, surge o mundo onírico de Mikki, espreitando e sorrindo aqui e ali.







Para nossa comodidade há ainda w.c. equipado com duche ( 50 cêntimos, água quente), zona para lavar loiça e roupa (inclui máquina e secadora) e ainda – que toque pessoal mais amoroso!  – um duche próprio para cães onde, é claro, a nossa menina se refrescou. 



Muitos inquilinos de variadas nacionalidades ali habitam todo o ano, gente reformada, evidentemente, que procura neste cantinho português a calma e o clima ameno para o inverno da vida.
Enquanto lá estive (duas noites, apenas porque não sou nem jubilada nem troquei definitivamente a casa fixa por uma móvel), segui o lema da placa da entrada “ Slow down and relax”. 


E que mais? Felicitei vezes sem conta a proprietária por possuir em pleno o meu sonho sonhado, para ela filme realizado, mas não cor-de-rosa.

Pormenores importantes nestas lides de viagens, sonhos e pesadelos:
Localização ( N37º 07´40’’  W 8º 19´22’’)
Preços: desde 8,50 € (sem luz, no 1º dia) , 6  € (a partir do segundo dia), luz ( 2,50 € dia).